Um dia, enquanto mísseis dos rebeldes caíam pela cidade, um senhor de meia-idade entrava à biblioteca para fazer o cadastro de seu filho.
"Isso vai acabar", ele disse, "e vamos ficar bem".
Samir, que trabalha no hospital e tem 38 anos, disse que todas as janelas da casa onde ele vivia foram quebradas quando um míssil atingiu o prédio vizinho.
Depois de levar sua família para um lugar seguro, Samir voltou direto para o trabalho.
"Não há tempo a perder", disse ele, "eles precisam de mim".
Rima, mãe de 36 anos de idade, perdeu seu filho de 9 anos, enquanto ele, brincando na varanda, foi atingido por estilhaços de morteiro.
"Qui Aleppo"
Estas são apenas algumas das histórias que o repórter sírio Naman Tarcha, que está morando em Roma, recebeu de seu irmão e amigos, que vivem em Aleppo.
Esses contos de bravura que desafiam a selvageria estimularam Tarcha a lançar uma campanha no Twitter chamada "Qui Aleppo" — "Aqui Aleppo" em italiano. Amigos e parentes do repórter enviam imagens sobre vida cotidiana de um habitante de Aleppo.
"Diga-lhes que vamos continuar aqui e nunca vamos nos render", Tarcha cita a reação de seus amigos ao saberem sobre a intenção da Sputnik de conhecer suas histórias.
"Em tempos de guerra, as ações simples do cotidiano, como ir ao trabalho, levar os filhos para a escola e jantar fora com os amigos se tornam a forma mais elevada de resistência contra as ameaças do terrorismo", Tarcha disse à Sputnik, "esta é a atitude dos habitantes de Aleppo".
Não é uma cidade fantasma
#Siria🇸🇾 #QuiAleppo #هنا_حلب Piazza di #MadreTeresa nel centro di #Aleppo dedicata alla #Santa di oggi 10 Anni fa pic.twitter.com/yrvkovft3n
— Naman Tarcha (@NamanTarcha) 4 сентября 2016 г.
A mídia de Aleppo se focaliza nas dificuldades enfrentadas pela população. Mas, ainda mais importante, de acordo com Tarcha, é a perseverança dos habitantes.
"As pessoas resistem, sem perder a esperança, a todas as dificuldades: o alto custo de vida, a falta de água potável e de eletricidade durante meses, bem como os mísseis e morteiros disparados por grupos armados."
Longe de ser uma cidade fantasma, Aleppo em breve poderá se transformar em uma Fênix, renascida das próprias cinzas.