Com um discurso que abrangeu vários assuntos, Temer disse que o Brasil tem um Judiciário Independente, um Ministério Público atuante e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever. No âmbito externo, condenou o crescimento da xenofobia no mundo, defendeu direitos das minorias e refugiados e, no campo econômico, pediu o fim do protecionismo na área agrícola.
No Brasil, o discurso de Temer foi acompanhado pelo secretário adjunto de Assuntos Internacionais da CUT, Ariovaldo Camargo, que não viu novidades na fala do presidente.
"Foi a reafirmação daquilo que eles vêm tentando convencer uma parcela da população brasileira e os chefes de estado que acompanharam todo o processo de impeachment da presidenta Dilma que o afastamento foi feito dentro de um processo legal. Na verdade, ele está tentando convencer a si próprio que aquilo que foi feito no Brasil obedeceu a regras democráticas, mas sabe, como jurista inclusive que é, que o afastamento foi político ou baseado em provas, até por que até o presente momento não há nenhuma comprovação que ela tenha cometido qualquer ilícito que tivesse levado ao afastamento de seu mandato."
Camargo disse que a CUT está muito apreensiva com os rumos que a política externa brasileira está tomando a partir das declarações do chanceler José Serra e de Temer. Ele também observou que o fato de o presidente brasileiro não ser recebido pelo presidente americano é sintomático.
"Não vimos por parte do presidente Barack Obama uma menção de reconhecimento expresso do governo Temer. A política externa brasileira vai passar por grandes tropeços. Basta ver a declaração do Serra que não se lembrava da composição do Brics, quando fez observações atabalhoadas sobre essa questão", disse Camargo preocupado também com o futuro do Mercosul após as inúmeras ações de Brasil, Paraguai e Argentina de isolarem a Venezuela do bloco.