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Especialista em Educação: ‘Governo Temer não quer dialogar com a sociedade’

© Rovena Rosa/ Agência BrasilEstudantes são reprimidos pela PM em protesto contra a reorganização do ensino paulista, na quinta-feira (03/12)
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"A Medida Provisória com a Reforma do Ensino Médio encaminhada pelo Governo Temer ao Congresso Nacional não atende às necessidades básicas da Educação e enfraquece a formação dos alunos" – avalia o pedagogo Lincoln Araújo, professor da Faculdade de Educação da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

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Em sua versão original, a Reforma previa a diminuição do conteúdo obrigatório para privilegiar cinco áreas de ensino: Português (Linguagem), Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional. Ficariam de fora do currículo obrigatório disciplinas como Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia.

O segundo aspecto da Reforma é o aumento da carga horária para os alunos, que seria feito de forma progressiva. As atuais 800 horas/aula anuais seriam ampliadas para 1.400 horas/aula por ano, o que levaria os alunos a permanecer nas salas de aula por 7 horas ao dia, pelo menos.

Falando à Sputnik sobre esta Reforma do Ensino Médio, o Professor Lincoln Araújo não poupa críticas ao projeto:

"Esta proposta de Reforma do Ensino Médio não atende às minhas expectativas e à de muitos educadores com os quais eu conversei. Este Governo do Presidente Michel Temer mantém uma ótica extremamente conservadora sobre a Educação. A Reforma diminui a ênfase sobre a formação em matérias humanistas e privilegia o ensino técnico-profissional. Com isso, inibem-se o pensamento e a capacidade de raciocinar dos estudantes, o que é profundamente lamentável. Na verdade, o Governo Michel Temer está dialogando com o grande capital internacional. O que isso tem a ver com Educação? Tudo. Porque, na medida em que o jovem prioriza suas preocupações com a profissionalização, ele dedica menos tempo à sua formação humanista. Educação e Economia caminham juntas. Esta Reforma do Ensino rasga mais uma etapa de um possível Projeto Nacional de Desenvolvimento, na medida em que subordina a formação educacional aos interesses do grande capital financeiro internacional."

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Para o Professor Lincoln Araújo, é importante destacar o nível em que se encontra o relacionamento entre Governo e sociedade:

"Na verdade, o Governo Michel Temer está demonstrando que não quer dialogar com a sociedade, na medida em que ignora recentes resoluções do Conselho Nacional de Educação. Existem diretrizes para a Educação estabelecidas pelo Conselho em 2011 e que deveriam ser levadas em conta no momento em que o Governo elabora sua proposta de Reforma do Ensino Médio. No entanto, a opção foi por ignorar estas diretrizes."

Na tarde desta sexta-feira, 23, foi divulgada a informação de que o Governo Federal recuou em seu projeto de Reforma do Ensino Médio e manteve como obrigatórias as disciplinas de Arte, Educação Física, Filosofia e Sociologia. O documento, publicado no Diário Oficial da União, seguiu em forma de Medida Provisória para o Congresso Nacional. A partir do seu recebimento, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal terão até 120 dias para apreciar e votar a matéria.

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