Um correspondente da Sputnik Alemanha falou com esse cidadão alemão e agora partilhamos de trechos da sua conversa.
Sputnik: Você apresentou uma demanda contra o Governo Federal. O que aconteceu?
Wolfggang Jung: Eu apelei ao tribunal contra a o uso da base aérea de Ramstein que viola o direito internacional e a Constituição. Primeiramente isso tinha a ver com as comunicações aéreas com o Afeganistão. Durante o processo que durou quatro anos, o caso se concentrou no papel da Ramstein na guerra de drones dos EUA.
S: E como acabou o caso?
WJ: O meu caso foi rejeitado. Ele mesmo nunca foi julgado. Eu apenas fui privado do direito de apresentação da demanda.
S: Como isso foi explicado?
WJ: Pelo fato que eu pessoalmente não estava envolvido na guerra de drones pessoalmente. E por isso eu não podia apresentar a demanda.
WJ: É uma pergunta muito boa. Segundo a lógica do tribunal, nenhum cidadão da Alemanha tem o direito de apelar contra ações que contradizem o direito internacional feitas através de bases militares dos EUA que não estão localizados no território da Alemanha.
S: Você teve apoio? Porque uma queixa semelhante custa muito…
WJ: Ambos os meus advogados são membros da União Internacional de Advogados contra as Armas Atômicas (IALANA). Esta união luta contra todos os tipos de armas de destruição em massa. E eles, por estarem interessados, apresentaram condições especiais para mim.
S: O que motivou você para fazer isso?
S: O que você sabe a partir de sua investigação? O que acontece em Ramstein? O que está sendo coordenado a partir de lá?
WJ: Ramsetein desempenha um papel chave porque lá está localizada a estação de rádio de comunicação por satélite (SATCOM), por via da qual é realizada toda a troca de dados entre os pilotos e operadores dos drones nos EUA, por um lado, e os próprios drones, por outro. Todos os dados, inclusive gravações de vídeo, são transmitidos aos EUA através de Ramstein. Sem esta estação a guerra de drones no seu estado presente seria impossível.
WJ: Isso teve lugar durante a guerra no Afeganistão. Em Ramstein está também localizado o estado-maior aéreo de todos os países membros da OTAN (Aircom). Toda a comunicação aérea da OTAN durante a guerra no Afeganistão foi coordenada a partir de Ramstein. Isso, de fato, foi o pretexto para o meu apelo jurídico.
S: Mas o que você diz já é sabido há muito tempo. Portanto, o Governo Federal também sabe disso. Porque a Alemanha não faz nada contra Ramstein?
WJ: O Governo Federal faz de conta que não sabe nada. Ele cita a declaração de Obama sobre o fato que a partir do território da Alemanha os drones não decolam, eles só são coordenados a partir daí. É verdade. Mas não é esse o caso. O caso é a participação indireta através da estação de comunicação por satélite localizada no território da Alemanha, sem a qual a guerra de drones seria impossível. Mas isso o Governo Federal descarta: ele diz que nós não sabemos de nada e que nós confiamos na declaração do presidente americano.
S: Você quer dizer que os EUA querem não só não fechar esta base aérea, mas até mesmo ampliá-la?
No final da conversa, o professor sublinhou especialmente que está convencido que a Alemanha deve fazer algo, deve fechar a base. O cidadão alemão argumenta sua opinião notando que a Constituição do país diz que em território alemão não deve ser efetuado qualquer tipo de preparação para realização de guerras agressivas. Mas de fato, sublinha, preparativos semelhantes estão sendo realizados na Alemanha todo o tempo. E as bases também se encontram em território da Alemanha, no qual funciona a legislação alemã.