Sobre os fatores que influenciaram os resultados das eleições, Jackson diz que a destituição pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, em 31 de agosto, e a sua imediata substituição pelo Presidente Michel Temer tiveram efeito na eleição municipal de São Paulo, vencida no primeiro turno pelo candidato empresário João Dória Jr., do PSDB, cujo padrinho político é o Governador Geraldo Alckmin. Mas no caso do Rio e de Belo Horizonte, onde o segundo turno será decidido respectivamente por Marcelo Crivella e Marcelo Freixo e por João Leite e Alexandre Kalil, Antônio Marcelo Jackson descarta qualquer influência.
Na opinião do Professor Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, esta eleição provocou uma inflexão:
"Os resultados de domingo mostraram que o país está passando por uma transformação política. O PSDB cresceu, revigorou-se, e o PT sofreu as maiores perdas, deixando de administrar 60% das prefeituras do Brasil, inclusive e principalmente a joia da coroa, que é a cidade de São Paulo. Há uma transformação em curso, há um quadro político em transformação e há sinais claros do eleitorado para a classe política proceder a uma reestruturação."
Este desgaste, na opinião de Couto, contribuiu para o elevado nível de absenteísmo nas eleições municipais:
"Há vários fatores a considerar. Por exemplo, o desgaste, a valorização e a crescente atuação do Poder Judiciário e do Ministério Público, a profunda crise econômica em que o Brasil está envolvido são elementos que, somados, levam o eleitorado ao acentuado descrédito demonstrado no domingo."
O papel do PT no atual cenário político brasileiro e o seu futuro mereceram idêntica avaliação dos cientistas políticos Antônio Marcelo Jackson e Cláudio Couto. Para ambos, não se deve falar em extinção ou dissolução do PT, mas, sim, na necessidade urgente que o Partido dos Trabalhadores tem de se reestruturar se quiser continuar vivo e atuante. Os dois especialistas consideram ainda prematuro avaliar o que poderá acontecer com o partido dos ex-Presidentes Lula e Dilma, especialmente em termos de ambições para as eleições gerais de 2018, mas entendem que o PT precisa reavaliar suas posições, depurar seus quadros e modificar seus métodos de ação.