Quanto à campanha de Trump, ele tem ofendido as pessoas da comunidade latino-americana, como a ex-Miss Universo venezuelana Alicia Machado ou o Papa. Também mexeu com nações inteiras. Prometeu construir um muro entre o México e os Estados Unidos e afirmou que seus vizinhos do sul serão obrigados a pagar pela sua construção.
"A sua proposta também tem as limitações próprias do sistema. Haverá que ver quanto do que propõe será viável sob o aparelho burocrático dos Estados Unidos. O certo é que, de forma como está a situação atual, se ele chegar a realizar uma política favorável à América Latina, isso será ou por acaso, ou devido ao impulso de alguma política anterior", disse o professor uruguaio que leciona o curso de Política Latino-Americana na Universidade de Pensilvânia.
Do outro lado está Clinton. "Há uma contradição entre a política imperial de Hillary Clinton em relação à América Latina como Secretária de Estado e o apoio das bases hispânicas à sua candidatura. Mas há de lembrar que os latinos têm sido tradicionalmente eleitores do partido democrata. É de esperar que Hillary receba mais apoio deles do que Trump. Mas vale lembrar que o apoio de minorias locais tem pouco que ver com o tipo de política externa praticada em relação a outros países", explicou Castro.
"Também temos a ação, por omissão, como a recusa em denunciar o golpe no Paraguai [contra Fernando Lugo, em 2012] e o afastamento de tudo o que está acontecendo no Brasil. A rápida aproximação dos Estados Unidos a um governo como o de Mauricio Macri, na Argentina, é outro sinal de sua visão de política externa para a região", acrescentou ele.
"O melhor que poderia acontecer neste cenário é qualquer um dos dois candidatos que seja eleito olhe pouco para a América Latina. A revisão da história de Hillary com a região não é promissora. Bem como o que Trump mostrou até aqui", concluiu o pesquisador.