Em entrevista à Sputnik Brasil, o advogado aprofundou o seu ponto de vista sobre a decisão do Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferindo o pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot:
"Considero a decisão procedente em parte. Se, por um lado, ela vai manter no âmbito do Supremo as pessoas que têm foro privilegiado, como é o caso dos deputados federais e senadores, por outro, não vejo sentido no fato de não contemplar a remessa dos autos que envolvem o ex-Presidente Lula, que não tem mais foro privilegiado, para o primeiro grau de Justiça, no caso, o Juiz Federal Sérgio Moro".
Jonas Tadeu Nunes diz ainda não ver, na prática, grandes efeitos resultantes do deferimento de Teori Zavascki.
"Existe um inquérito-mãe tramitando no Supremo Tribunal Federal, e o fatiamento pretendido pressupunha o desvinculamento dos processos do STF. Porém, como grande parte dos investigados possui prerrogativa de foro, não há como o Supremo deixar de apreciar estas questões. A meu ver e como determina a lei, deveriam permanecer no Supremo as investigações sobre os detentores de foro privilegiado. Quem não tem esta prerrogativa deve ser investigado pelo primeiro grau de Justiça".
Segundo Rodrigo Janot, "foi montada uma organização criminosa que atuou no esquema de corrupção na Petrobras". Ainda de acordo com o procurador-geral da República, "alguns membros de determinadas agremiações se organizaram internamente, utilizando-se de seus partidos e em uma estrutura hierarquizada, para perpetração de práticas espúrias. Nesse aspecto, há verticalização da organização criminosa. Noutro giro, a horizontalização é aferida pela articulação existente entre alguns membros de agremiações diversas, adotando o mesmo modus operandi e dividindo as fontes de desvio e arrecadação ilícita".
Para a Deputada Federal Margarida Salomão (PT-MG), a decisão do Ministro Teori Zavascki tem de ser respeitada, mas, diz ela, há motivos para questionar a solicitação de Rodrigo Janot:
"O que me preocupa é o enviezamento da conduta da Procuradoria-Geral da República", diz a deputada petista. "É sabido que no âmbito da Operação Lava-Jato estão também sob investigações políticos do PSDB, como o próprio presidente nacional do partido, Aécio Neves (MG). E nem uma palavra se diz sobre ele e sobre outros possíveis membros do PSDB. Os investigados são apenas políticos do PT, do PP e do PMDB. Sobre o PT, então, recaem as principais acusações, como se o Partido dos Trabalhadores fosse o principal vilão destas investigações".
A Deputada Margarida Salomão acrescenta:
"Em relação ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há como que uma obsessão de criminalizá-lo, e isto preocupa por duas grandes razões. A primeira é o fato de não haver qualquer prova que permita concluir a responsabilidade jurídica de Lula pelos malfeitos envolvendo a Petrobras. E a segunda: está a cada dia mais nítido para a opinião pública que existe uma preocupação com a possível candidatura de Lula à eleição presidencial de 2018. Esta preocupação está levando aos excessos que todos nós estamos observando por parte dos procuradores que atuam em todos estes processos".