"Penso que a Turquia começará a se recusar a dar passos impostos pelos EUA e pelo Ocidente, promoverá uma linha de cooperação mais estreita com Moscou e arranjará contatos com Damasco para a regularização síria", disse.
"Com certeza, tal processo não pode ser rápido. As relações russo-turcas se normalizaram num prazo curto, mas a situação das relações turco-sírias se agrava com a presença na Síria de um grande número de atores – o Irã, a Rússia e os EUA. Por isso, as mudanças se desenvolvem de forma lenta e gradual. A Turquia precisa agir nestas condições de forma muito cautelosa", afirmou.
Na opinião de Ismail Hakki Pekin, Ancara deve cooperar com a Síria, Rússia, Irã e Iraque. A estratégia de Washington se destina ao desmembramento da Síria, o que ameaça desintegrar a Turquia. Em geral, os EUA não querem que a Turquia participe da operação em Mossul e não querem consolidar as posições da Turquia no Iraque.
"<…> Os EUA consideram a Turquia como uma ameaça para a ordem política que tencionam estabelecer em território iraquiano", disse Ismail Hakki Pekin à Sputnik Turquia.
O ex-funcionário da inteligência turca afirmou que é necessário recusar a ideia do neo-otomanismo.
"A recusa desta política não significa que a Turquia se distanciará da participação na resolução dos problemas da região do Oriente Médio. <…> Entretanto, o conteúdo deste processo não está em realizar as ideias do neo-otomanismo. Além disso, a Turquia não possui bastante força para isso. Todas as tentativas de seguir esta estratégia podem levar à desintegração da Turquia, do Iraque e da Síria e à consolidação das posições dos EUA com o seu projeto do Grande Oriente Médio", sublinhou.
A Turquia deve participar da regularização síria, porque se Aleppo e Raqqa ficarem sob controle da Síria, não será criado um corredor curdo ao qual a Turquia se opõe. Mas primeiro a Turquia deve normalizar suas relações com as autoridades iraquianas e sírias, a Rússia e Irã. Assim, ela poderá contrabalançar os EUA. Se a Turquia realizar uma política orientada pela etnicidade e religião, a guerra continuará por mais 15 anos e será a causa de morte de mais pessoas inocentes.