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Horário de verão: aumento de sono e economia de energia

© Renato Araújo/Agência BrasilHorario Verao
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O horário de verão começa no Brasil a zero hora deste domingo, quando os relógios devem adiantados em uma hora em dez estados e no Distrito Federal, e terminará em 19 de fevereiro de 2017. No período, segundo cálculos do governo, haverá uma economia de R$ 147,5 milhões, devido à redução da demanda no horário de pico.

Nos últimos dez anos, a adoção do horário de verão tem permitido uma redução média de 4,5% na demanda energética nos horários de maior pico, entre 18h e 21h, e uma economia absoluta de 0,5%, o que equivale ao consumo mensal de uma cidade como Brasília. Implantado pela primeira vez em 1931, o horário deste ano vai ser adotado nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, além do Distrito Federal.

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A Sputnik Brasil foi ouvir um especialista no mercado de energia brasileiro para saber se a alteração de rotina de pessoas, empresas, indústrias compensa essa economia.

O diretor da Smart Energia, Jean Franco, lembra que o horário de verão está associado diretamente à capacidade não só de geração de energia, mas também à capacidade de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas.

"Em 1970, tínhamos reservatórios de energia profundos de grandes usinas hidrelétricas que cobriam mais de um ano de consumo de energia e eventualmente duravam até dois anos. Com políticas ambientalmente corretas, os reservatórios foram diminuindo sua profundidade e capacidade de estocar energia, que hoje foi reduzida para cinco a seis meses de consumo. Ou seja, estamos usando mais usinas termelétricas para regular a vazão de nossos rios. Essas usinas são extremamente poluidoras."

O diretor da Smart Energia lembra que o Nordeste está saindo de um período do El Niño, quando a temperatura da superfície do mar apresentou fenômenos meteorológicos com chuvas muito abaixo das médias na região, o que criou problema de vazão no Rio São Francisco, e isso vai se refletir diretamente no funcionamento das usinas hidrelétricas. 

"Durante esse ano, houve momentos no Nordeste em que mais da metade da energia foi gerada por fontes renováveis e eólica e a outra metade por termelétrica, quase nada de hidrelétricas."

Segundo o consultor, as previsões são pessimistas agora para os meses de dezembro e janeiro. As chuvas devem retornar, com a consolidação ou não do El Niño, em fevereiro. 

"Essa redução, apesar de ser pequena, de 4,5% de carga no período, ou 0,5% em valores absolutos, vai contribuir para um acionamento menor das térmicas e permitir que o Brasil atravesse o final do período seco e possamos respirar aguardando as chuvas de fevereiro e março. O horário de verão pode ser extinto ou mudado com a adoção de novas usinas e grandes reservatórios."

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Outra grande vantagem do horário de verão, conforme o especialista, é que, como o Brasil tem um sistema interligado, a economia que se faz no Sudeste permite a exportação de energia para o Nordeste, onde os reservatórios estão extremamente baixos. 

"Os do Sudeste estão apresentando níveis de armazenamento de 38%,o que já é baixo em relação à média histórica. No Nordeste, há usinas que estão parando de gerar energia para manter o sistema de água em alguns municípios."


Médico dá conselhos para o período

 

Odiado por muitos e adorado por outros, o horário de verão divide os brasileiros. O dia encurtado em uma hora afeta, pelo menos nos primeiros dias, a rotina diária, causando sintomas como aumento do sono, mudança de apetite e até de humor.

Para Edmilson Migowski, infectologista, pediatra, professor universitário e presidente do Instituto Vital Brazil, a primeira coisa a se fazer é desapegar do horário antigo. 

"Já que você tem que entrar na rotina do horário novo, tente cumprir todos os compromissos dentro do que tinha antes. Na prática, acontece que você, ao perceber que o dia demora mais a escurecer, acaba trabalhando mais tempo e se cansando um pouco mais."

Estudo publicado pelo ‘The New England Journal of Medicine’ relaciona o começo do horário de verão a maior incidência de infartos do miocárdio em cerca de 5%. Migowski admite que o risco existe, mas adota um tom tranquilizador. 

"As pessoas dormem um pouco mal, às vezes trabalham um pouco mais. O horário de verão acaba facilitando alguns fatores correlatos de risco para infarto. É no verão que você mais pratica esporte, se aventura a ir à praia, mergulhar, nadar, brincar, atividades que demandam mais do coração. O ideal é tentar se adaptar o mais rápido possível. Não é só o Brasil que tem horário de verão. Vale aproveitar o bom do período: poder sair do trabalho um pouquinho mais à luz do dia, passear um pouco mais pela praia, dar uma volta na praça, tomar um sorvete com a família."


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