Falando à Sputnik, Mauro Rochlin enumera os aspectos em que o relacionamento do quinteto pode avançar:
"Primeiramente, o aspecto financeiro, e particularmente o que diz respeito ao Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do BRICS. Os projetos de crédito e financiamento deste Banco são muito sérios, porém verifico que os planos de concretização dos objetivos se estendem por oito anos, o que considero nada animador. Em segundo lugar, entendo ser necessário implementar o relacionamento comercial entre os cinco países. Neste sentido, o acordo conjunto entre Brasil e Índia para a produção de fármacos anunciado na segunda-feira, 17, é muito bem-vindo."
O acordo mencionado por Mauro Rochlin se refere à produção conjunta de medicamentos para o tratamento da tuberculose, da Hepatite-C e contra o vírus HIV, transmissor da AIDS.
Ainda sobre o relacionamento do Brasil com o país anfitrião da Cúpula dos BRICS, o Professor Rochlin salienta:
"A economia da Índia tem crescido substancialmente nos últimos dez anos, e o país pode se tornar um importante parceiro comercial para o Brasil. Por isso, considero muito importante este acordo para produção de fármacos."
O especialista da Fundação Getúlio Vargas diz ainda que, "dentro do Grupo BRICS, é preciso ressaltar o maior relacionamento com a Rússia no que diz respeito à crescente exportação de carne brasileira para aquele país".
Outro aspecto de grande relevância na reunião dos cinco países, na avaliação de Mauro Rochlin, foi a notícia da criação de uma agência de classificação de riscos, própria dos BRICS:
"É uma iniciativa de enorme importância, pois auxiliará o Novo Banco de Desenvolvimento na análise da concessão de créditos para outros países que não os integrantes do bloco."
O Professor Rochlin também menciona, no setor financeiro do BRICS, a necessidade de estabelecer padrões para o funcionamento do Acordo Contingente de Reservas, visto por economistas e políticos como alternativa global ao FMI – Fundo Monetário Internacional. Para o especialista, o Acordo será mais um importante braço operacional do Banco do BRICS. Somados, o Novo Banco de Desenvolvimento e o Acordo Contingente de Reservas têm capital de US$ 200 bilhões, US$ 100 bilhões cada um.