Ele afirmou que a oposição venezuelana tem recorrido a medidas extremas, chegando ao caso de um setor que criar alianças com paramilitares colombianos e criminosos, adotando uma violência seletiva contra líderes sociais chavistas e militares.
Para o especialista, que também serviu como diretor de Relações Internacionais da Presidência da República Bolivariana da Venezuela, os erros da oposição se iniciaram ao não começar a tempo as ações legais para ativar o referendo revogatório contra o Presidente Nicolas Maduro, impossível de realizá-lo por vias legais em 2016, como desejado.
Por outro lado, de acordo com Rodriguez Gelfenstein, "prometeram destituir o presidente Maduro em seis meses e resolver a crise econômca a curto prazo", esperando, em seguida, "uma ruptura nas Forças Armadas que enfraqueceria o governo". O especialista observou que nenhuma das duas coisas foi cumprida e isto causou cortes internos na oposição e um "desprestígio de seus dirigentes que têm caído em maior descrédito".
"Diante de todas estas evidências, começaram a ser criadas divisões dentro da oposição, que têm recorrido a medidas extremas e, inclusive, um setor chegou a criar alianças com paramilitares colombianos e criminosos, o que se tornou uma violência seletiva contra dirigentes sociais chavistas, agentes de segurança e militares".
"Da mesma forma, outro setor caiu em ambiguidades ao se declarar democrata e não rechaçar a violência como forma de fazer política", destacou Gelfenstein.
As mais recentes ações da Assembleia Nacional, que em 23 de Outubro declarou a ruptura da ordem constitucional e da existência de um golpe de Estado cometido pelo regime de Nicolas Maduro, são para o especialista "medidas extremas" que "não têm maior impacto interno", pois não contam com o apoio popular.
Ele também comentou a situação da Venezuela em comparação com o atual cenário da política brasileira.
"Ao contrário do Brasil, esses golpistas não têm apoio nem do Judiciário, nem do poder Moral [um dos poderes constitucionais da Venezuela], nem das Forças Armadas ou dos órgãos de segurança, o que os diferencia da oposição no Brasil, pois não foram capazes de articular as condições para um golpe de Estado", observou.
O poder legislativo dominado pela oposição na Venezuela declarou no último domingo (23) que o "regime" do presidente Nicolas Maduro cometeu um “golpe de Estado” com a decisão do Conselho Nacional Eleitoral de suspender a recolha de assinaturas em favor do processo revogatório do mandato do líder chavista.
Em uma sessão de emergência na Assembleia Nacional Venezuelana, os legisladores aprovaram uma resolução declarando uma "ruptura da ordem constitucional e a existência de um golpe de Estado cometido pelo regime de Nicolas Maduro", prometendo responder à situação com protestos em massa e pressão internacional.