Historiador suíço: 'OTAN não é uma aliança defensiva'

© AP Photo / Alik KepliczSoldado polonês durante os exercícios da OTAN na Polônia, 2016
Soldado polonês durante os exercícios da OTAN na Polônia, 2016 - Sputnik Brasil
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O historiador suíço Daniele Ganser acaba de publicar seu novo livro: "Guerra ilegais - como os países da OTAN sabotam a ONU - uma crônica de Cuba à Síria" pela editora Orell Füssli Verlag. O autor, especialista em relações internacionais, em entrevista exclusiva à Sputnik, afirma que OTAN não é mais uma organização defensiva.

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Durante a entrevista, Ganser afirmou que pouquíssimas guerras, desde a fundação da ONU, foram legais. 

"Segundo o estatuto da ONU, um dos mais importantes documentos no âmbito do direito internacional, se um país pe atacado, há o direito de se defender. Mais uma possibilidade de uma guerra legal acontece quando há uma autorização do Conselho de Segurança da ONU… Em todos os outros casos, a guerra é considerada ilegal. A maioria das guerras é ilegal". 

Citando exemplos de guerras legais das últimas décadas, o pesquisador citou a primeira guerra do Iraque o conflito na Líbia. 

"Houve mais uma guerra, quando o Conselho de Segurança da ONU emitiu um mandato de autorização. Trata-se de Líbia, em 2011. Na ocasião, todos os membros da ONU se reuniram e decidiram emitir um mandato. Porém, o mandato foi para a criação de uma zona de exclusão aérea, de modo a impedir Muammar Kadhafi de usar a sua força aérea. Os russos e os chineses concordaram, pois achavam que assim acabaria o derramamento de sangue no país. Então os países da OTAN aproveitaram esse mandato para remover o regime de Kadhafi. Além de ter criado a zona de exclusão aérea, esses países começaram a bombardear a Líbia. Foram atos ilegais, não eram previstos pela ONU. Por isso, os chineses e os russos, após a guerra na Líbia, se sentem enganados. E é justamente por isso que hoje há um impasse na Síria. A confiança entre Moscou e Washington está seriamente comprometida". 

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Quanto à Síria, Ganser afirma que, apesar de não haver uma participação direta da OTAN no conflito, os principais interessados na derrubada do regime de Assad também seriam os países da aliança.

"Potências internacionais querem derrubar Assad. Os mais interessado são o Catar e a Arábia Saudita, mas também há os países da OTAN, como Turquia, EUA, França, Alemanha e Grã-Bretanha. Os russos e iranianos querem que Assad permaneça no poder. Esses dois lados estão lutando por seus interesses no momento", explicou o historiador.

"Eu critico a OTAN, pois essa organização se autodenomina de uma aliança defensiva. Isso simplesmente não está certo do ponto de vista científico. Uma aliança defensiva não pode atacar ninguém por definição. Quando a OTAN foi criada em 1949, se afirmava que os países-membros da aliança nunca atacariam outros Estados. Eles somente se defenderiam, se os russos, com o pacto de Varsóvia, atacassem a Europa".

"Quando a União Soviética se dissolveu, havia a possibilidade da OTAN se dissolver também… No entanto, em 1999, a OTAN começou os ataques aéreos na Sérvia. Eu descrevo esses acontecimentos no meu livro. Naquele momento, o bloco da OTAN se transformou de uma aliança defensiva em uma aliança ofensiva. Isso é ilegal, pois contradiz o estatuto da ONU", concluiu Ganser.

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