"Segundo o estatuto da ONU, um dos mais importantes documentos no âmbito do direito internacional, se um país pe atacado, há o direito de se defender. Mais uma possibilidade de uma guerra legal acontece quando há uma autorização do Conselho de Segurança da ONU… Em todos os outros casos, a guerra é considerada ilegal. A maioria das guerras é ilegal".
Citando exemplos de guerras legais das últimas décadas, o pesquisador citou a primeira guerra do Iraque o conflito na Líbia.
"Houve mais uma guerra, quando o Conselho de Segurança da ONU emitiu um mandato de autorização. Trata-se de Líbia, em 2011. Na ocasião, todos os membros da ONU se reuniram e decidiram emitir um mandato. Porém, o mandato foi para a criação de uma zona de exclusão aérea, de modo a impedir Muammar Kadhafi de usar a sua força aérea. Os russos e os chineses concordaram, pois achavam que assim acabaria o derramamento de sangue no país. Então os países da OTAN aproveitaram esse mandato para remover o regime de Kadhafi. Além de ter criado a zona de exclusão aérea, esses países começaram a bombardear a Líbia. Foram atos ilegais, não eram previstos pela ONU. Por isso, os chineses e os russos, após a guerra na Líbia, se sentem enganados. E é justamente por isso que hoje há um impasse na Síria. A confiança entre Moscou e Washington está seriamente comprometida".
"Potências internacionais querem derrubar Assad. Os mais interessado são o Catar e a Arábia Saudita, mas também há os países da OTAN, como Turquia, EUA, França, Alemanha e Grã-Bretanha. Os russos e iranianos querem que Assad permaneça no poder. Esses dois lados estão lutando por seus interesses no momento", explicou o historiador.
"Eu critico a OTAN, pois essa organização se autodenomina de uma aliança defensiva. Isso simplesmente não está certo do ponto de vista científico. Uma aliança defensiva não pode atacar ninguém por definição. Quando a OTAN foi criada em 1949, se afirmava que os países-membros da aliança nunca atacariam outros Estados. Eles somente se defenderiam, se os russos, com o pacto de Varsóvia, atacassem a Europa".
"Quando a União Soviética se dissolveu, havia a possibilidade da OTAN se dissolver também… No entanto, em 1999, a OTAN começou os ataques aéreos na Sérvia. Eu descrevo esses acontecimentos no meu livro. Naquele momento, o bloco da OTAN se transformou de uma aliança defensiva em uma aliança ofensiva. Isso é ilegal, pois contradiz o estatuto da ONU", concluiu Ganser.