A Total é uma das sócias da estatal no grande campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, e agora revela interesse em participar com a Petrobras em todos os segmentos de refino, gás natural e energia. No exterior, as duas empresas atuam em conjunto no Golfo do México, no campo de águas profundas em Akpo, na Nigéria, e nos campos de gás de San Alberto e San Antonio, na Bolívia, além de serem parceiras no gasoduto Brasil-Bolívia. A empresa francesa é uma das principais do setor de óleo e gás natural no mundo, sendo a segunda maior operadora de energia solar, atrás apenas da SunPower.
Para a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), contudo, o anúncio da parceria só comprova a execução da venda de ativos do atual comando da Petrobras. O coordenador da FNP, Emanuel Cancela, é enfático.
"A Petrobras está fazendo uma liquidação, uma entrega de ativos maior que a da privataria tucana. A maior expertise do mundo é da Petrobras na área de exploração e produção. Foi ela quem desenvolveu tecnologia inédita no mundo que permitiu a descoberta do pré-sal. Nenhuma empresa de petróleo consegue acertos maiores na perfuração de poços. O Pedro Parente é um indicado do PSDB de Fernando Henrique que tentou privatizar a Petrobras. Agora ele diz que não vai privatizar a empresa, mas está vendendo. O Lula desmontou todo o esquema montado por Fenrnado Henrique na empresa: vendeu 30% para a Repsol, jogou a indústria naval para os gringos. Tudo isso foi revertido por um governo democrático e popular."
Cancela diz que os petroleiros vão tentar reverter esse quadro juridicamente.
"Por isso queremos a volta de Lula para disputar a presidência em 2018, porque ele é a pessoa que poderá desmontar todo esse esquema. O sindicato está discutindo com a categoria uma resistência. Temos chances de reverter grande parte desses negócios. O Campo de Carcará é uma província de petróleo que dobra as reservas da Noruega e foi vendido à Statoil (estatal norueguesa da área de petróleo) a preço de um refrigerante, e isso sem licitação."
O dirigente confirma que o sindicato está sendo pressionando com ações na Justiça, mas garante que a categoria não vai se calar.
"A gente acredita que o povo brasileiro vai acordar, e a campanha do 'Petróleo é Nosso' não foi em vão, porque ela aconteceu quando o petróleo era um sonho e agora, quando ele é ralidade, a sociedade não vai permitir a entrega da Petrobras do jeito que está sendo feito e mais uma vez financiada com dinheiro público do BNDES e do Banco do Brasil."
Com relação ao interesse da empresa francesa na área de energia, Cancela afirma que o atual presidente da empresa "foi o gerente que administrou o apagão no Brasil, e quem o desmontou foi a Petrobras à época da gestão de Ildo Sauer à frente da diretoria de Gás & Energia". O coordenador da FNP lembra que foi Sauer o responsável pela compra de grande parte dessas termelétricas.
"Com a construção de hidrelétricas e torres de transmissão não temos mais o risco de apagões. Quando Sauer comprou as termelétricas, a gente pagava em dólar o quilowatts de energia sem produzir. Esses setores que o Parente está tirando da Petrobras (petroquímica, biocombustíveis, fertilizantes e gás) são estratégicos e fundamentais para o país e a empresa. Não se pode ver um patrimônio, criado ao longo de 63 anos, ser entregue, assim como o pré-sal e a indústria naval."