"A bacia fluvial do Indo, é uma 'bomba-relógio' que pode explodir em qualquer momento, aumentando a escassez de água na região e causando mudanças climáticas irreversíveis. Existem outros conflitos relacionados com o acesso à água, e nós analisamo-los hoje para que a Terra possa tomar a trajetória da paz e uso sustentável dos recursos hídricos", disse Vladimir Smakhtin, diretor do Instituto para Água, Meio Ambiente e Saúde da UNU, em Hamilton (Canadá).
No âmbito deste acordo, a Índia recebeu o direito de uso das águas de três afluentes orientais do Indo, e o Paquistão as águas de dois afluentes ocidentais e do próprio Indo. Em setembro de 2016, o governo da Índia manifestou pela primeira vez a intenção de rever este acordo ou sair dele. Este comportamento de Nova Deli foi declarado por Islamabad como hostil, que afirmou que este passo do governo indiano pode ser considerado como "um ato de declaração de guerra".
Especialistas da UNU analisaram a situação e chegaram à conclusão de que a falta de água potável no Hindustão é um problema muito sério e que sem a cooperação entre a Índia e o Paquistão ele pode levar a uma guerra entre eles no futuro próximo.
A segunda parte do problema tem um caráter interno. O Hindustão já hoje tem problemas com o abastecimento de água e um novo aumento da escassez de água pode gerar instabilidade política interna nestes países, especialmente no Paquistão, onde o nível de consumo de água é alto, enquanto o sistema político está à beira de se tornar "um estado falhado".
Como observa Robert Wirsing, um dos autores do relatório da UNU, a longa história de conflitos entre as três potências nucleares da região — Paquistão, Índia e China — permite apenas falar de previsões extremamente negativas e do aumento da probabilidade de desenvolvimento de um conflito nos próximos anos, incluindo nuclear. A rejeição do acordo de 1960, segundo ele, só aumentara esta probabilidade.