Especialista russo: EUA subestimam capacidades da Coreia do Norte

© AP Photo / Wong Maye-EUm homem e uma mulher norte-coreanos caminham sob um mural com uma mensagem que diz: “Viva a grande vitória da política ‘Exército em primeiro lugar’!” no centro da cidade de Wonsan, na quarta-feira, 22 de junho de 2016, em Wonsan, Coreia do Norte.
Um homem e uma mulher norte-coreanos caminham sob um mural com uma mensagem que diz: “Viva a grande vitória da política ‘Exército em primeiro lugar’!” no centro da cidade de Wonsan, na quarta-feira, 22 de junho de 2016, em Wonsan, Coreia do Norte. - Sputnik Brasil
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Especialista russo acha que solução do problema nuclear norte-coreano depende da disposição americana de mudar sua retórica.

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A resolução do problema nuclear da península coreana dependerá em muito da mudança de abordagem mútua dos EUA e Coreia do Norte. Atualmente existe uma série de fatores que impedem a mudança necessária — políticos e até mesmo psicológicos, divulgou à Sputnik Coreia o professor principal do Instituto do Extremo Oriente, Konstantin Asmolov.

Ele decidiu partilhar da sua opinião após a sua recente visita a Pyongyang.

"A 'cortina de ferro' funciona em ambas as direções. Tal como um analista comum americano tem uma ideia bastante deformada sobre a Coreia do Norte, os norte-coreanos têm uma ideia bastante estranha sobre os EUA. Quer dizer, na Coreia do Norte ainda não existe um estudo sério da política interna americana, história e cultura, por isso eles têm pouco entendimento sobre a base socio-cultural na qual se baseiam as decisões políticas e é por isso que eles erram em prever as consequências," disse.

Nesta situação, a Coreia do Norte declara a sua capacidade de criar armas nucleares, quer dizer mísseis e ogivas nucleares, mas tais declarações colocam o lado americano frente a um dilema político difícil de resolver.

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O especialista destacou que muitas decisões políticas americanas estão sendo tomadas com base na possível reação da comunidade internacional e na opinião pública interna, e será o próximo presidente que deverá lidar com todas as possíveis consequências.

Para a elite americana é inaceitável psicologicamente "mudar de estilo de comunicação com a Coreia do Norte, no sentido de realizar verdadeiras negociações e não simplesmente deixar o tempo passar ou formar uma 'coalizão de pressão', é inaceitável psicologicamente", destacou.

Ao mesmo tempo Asmolov destaca que as autoridades americanas também fizeram erros nas previsões e cálculos, seguindo a política de "paciência estratégica", esperando que, como resultado das sanções, a Coreia do Norte simplesmente se desmoronaria. Aconteceu o inverso: o país decidiu "fazer limonada com os limões oferecidos" e, recentemente,  a ameaça norte-coreana passou de fictícia a verdadeira ameaça.

O especialista em assuntos coreanos sublinha que, um dia, o lado norte-coreano criará algo que poderia atingir o território americano e, nesta situação, mesmo se o exército dos EUA destruísse completamente a Coreia do Norte, se pelo menos um míssil atingir o continente americano, a vitória nunca seria completa por razões políticas, econômicas e psicológicas.

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Asmolov destaca que a economia norte-coreana tem vários problemas, inclusive no setor energético, mas, mesmo assim, recentemente o país conseguiu atingir um certo nível de autossuficiência alimentar e o PIB continua crescendo. Assim, os protestos muito esperados pelos EUA e Coreia do Sul por falta de comida não se irão verificar.

A situação poderá ter uma saída, tendo em conta os cada vez mais intensos contatos entre representantes dos EUA e a Coreia do Norte — por isso o especialista sugere que na elite americana há pessoas que compreendem a situação mais profundamente do que parece e estão prontas para procurar uma solução ou compromisso a fim de estabilizar a situação na península.

Mas só após as eleições presidenciais ficará claro que ponto de vista prevalecerá — o compromisso ou a continuação da retórica, que não leva a nada de bom.

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