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Grupo busca um novo norte para a estrela do PT

© AFP 2023 / Miguel Schincariol / Acessar o banco de imagensBandeira do PT em manifestação de apoio ao partido, em 16 de agosto de 2015
Bandeira do PT em manifestação de apoio ao partido, em 16 de agosto de 2015 - Sputnik Brasil
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Composto por um grupo de 40 deputados federais e dois senadores, o Muda PT está se mobilizando para redefinir a atuação da sigla após o impeachment da presidente Dilma Roussef e as pesadas perdas sofridas nas eleições municipais em todo o Brasil. O objetivo é promover uma oxigenação dos quadros.

Com a insistência do ex-presidente Lula em não concorrer às eleições de 2018, surgem nomes alternativos que começam a ser citados dentro da sigla, como os do prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho; de Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST); e Jairo Jorge, ex-prefeito de Canoas (RS). A Sputnik Brasil procurou Boulos, que atribuiu a indicação de seu nome a boatos, uma vez que nem é filiado ao partido. Contatado, Luiz Marinho disse não poder falar com a Sputnik nesta quinta-feira, 3. Jairo Jorge não foi localizado.

Para Carlos Henrique Árabe, secretário nacional de Formação Política do PT, o grupo criador do Muda PT é um conjunto de correntes do partido que situa-se à esquerda de debates, de posicionamentos e que tem uma opinião comum sobre o que é necessário fazer para que o PT tenha um papel de um partido de esquerda na luta política brasileira. As correntes são a Articulação de Esquerda, a Esquerda Popular Socialista, o Avante Socialismo, a Mensagem ao Partido e a Militância Socialista.

"O ponto de partida é um balanço, uma visão dos acontecimentos que culminaram no golpe que depôs a presidente Dilma, um movimento que unificou a direita brasileira e que encontrou uma construção frágil, cuja responsabilidade principal é a do PT. Não se pode ter ilusões com as classes dominantes no Brasil e com sua trajetória histórica. Desde antes de 1964 já havia uma indução, uma vocação golpista que já tinha se manifestado em 1954, com o suicídio do Getúlio, depois no Golpe Militar de 64, uma ditadura longa, uma redemocratização parcial. Parte dos nossos problemas foi ter alimentado uma ilusão de que esse componente havia diminuído."

Na visão de Árabe, o PT se adaptou muito ao funcionamento institucional e eleitoral, incorreu em problemas éticos, que foram aproveitados pela direita para atacar o partido. Ainda assim, o coordenador entende que, para a esquerda brasileira o PT, continua fundamental. Ele também nega riscos de desfiliações. Para Árabe, o que existe é um debate sobre a necessidade de uma reconstrução socialista do partido, e esse processo é imperativo. Caso não ocorra, o risco de desintegração partidária é muito forte, segundo ele. 

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"Antes de existir o Muda PT, todas as  correntes tinham um ponto em comum que era defender alianças programáticas, de esquerda. Sempre defendemos essas alianças e sempre perdemos, a não ser no período inicial do PT, quando havia um grande consenso de realizar alianças no campo de esquerda e, às vezes, nem fazer alianças e, quando fazia, era com o PCdoB ou o PSTU. As alianças com o PMDB vieram a ocorrer a partir do terceiro governo do PT, e sempre foram muito questionadas. Não que não existam setores progressistas. O Roberto Requião (senador PMDB-PR), por exemplo, continua tendo um papel importante ao lado do PT e de outras forças contra o golpe. O conjunto do PMDB sempre foi polarizado pela política tradicional. Os acontecimentos deram razão às contestações."

Árabe diz que na próxima quinta-feira, 10, uma reunião no Diretório Nacional do PT vai deliberar sobre os temas do congresso que está previsto para o semestre que vem. 

"O congresso deve realizar uma ampla atualização de programa de compreensão até do mundo. O capitalismo tem mudado muito, têm surgido elementos de barbárie, fascistizantes, a antiga democracia parlamentar é cada vez mais uma raridade. Temos que entender a evolução do capitalismo e os novos espaços de luta socialista. No Brasil se vai configurando um estado de exceção, onde a Constituição de 1988 é cada vez mais atacada."

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