A política oficial de Bruxelas exige que todos os países-membros da UE se alinhem às sanções anti-russas e a uma postura dura para com Moscou. Entretanto, a unanimidade não é tão incontestável se não nos limitarmos às fontes oficiais, escreve o jornalista Jonas Gummesson.
Na véspera da última cúpula dos líderes da UE em Bruxelas, a União Europeia tinha ameaçado impor novas sanções contra a Rússia devido à sua política na Síria.
Segundo diz o jornalista, desde 2014, 19 dos 28 membros da União Europeia enviaram delegações encabeçadas por primeiros-ministros ou outros ministros a Moscou visando travar conversações com o governo russo.
O jornal obteve informações não oficiais sobre essas visitas de Bruxelas. Se formos mais precisos, o presidente russo, Vladimir Putin, encontrou-se com os líderes de seis países europeus, incluindo a República Checa, França, Chipre, Áustria, Finlândia e Grécia.
Além disso, o presidente finlandês Sauli Niinisto reuniu-se com Vladimir Putin no ano passado em sua residência de Verão, segundo diz o artigo.
Por fim, oito países europeus enviaram seus chanceleres para a Rússia, incluindo a Espanha, o Reino Unido, a Eslovênia, a Holanda, a Irlanda, a Letônia e Portugal.
O jornalista observou que, nos últimos dois anos, a Rússia recebeu cerca de 40 visitas de alto nível, o que significa que alguns desses funcionários visitaram a Rússia mais de uma vez.
"Deste modo, os dados mostram que a Rússia não se parece muito com um país isolado", frisa Gummesson.
A Suécia foi um dos poucos países europeus que suspendeu todas as relações com a Rússia após o referendo da Crimeia e o início da crise ucraniana. No entanto, o autor observou que a chanceler sueca, Margot Wallstrom, já apelou para o restabelecimento dos laços com Moscou. A mesma ideia foi expressa pelo primeiro-ministro Stefan Lofven.
Desde então, o Ocidente tem imposto várias rodadas de sanções, inclusive contra indivíduos e contra setores econômicos inteiros. Em retaliação, Moscou introduziu um embargo sobre as importações de produtos alimentícios provenientes daqueles países que se manifestaram a favor das sanções.
Recentemente, muitos políticos e funcionários europeus têm apelado para que as autoridades europeias levantem as sanções contra a Rússia devido a sua ineficiência e ao impacto negativo sobre as economias dos países afetados. No entanto, Bruxelas prorrogou o prazo de aplicação das sanções até janeiro de 2017.