Desde cedo nesta terça-feira, 8, funcionários públicos estaduais, em particular os servidores da área de Segurança Pública, concentraram-se diante da Assembleia Legislativa, no Centro do Rio, para protestar contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governador Luiz Fernando Pezão. No final da manhã, parte dos servidores invadiu a Assembleia, exigindo dos deputados a rejeição absoluta ao pacote de medidas, que inclui a suspensão do reajuste salarial que já tinha sido concedido, o aumento da contribuição dos aposentados, o desconto de 30% dos vencimentos de inativos para garantir o caixa da Previdência do Rio, o corte de gratificações pagas aos servidores comissionados, a extinção de secretarias e outros órgãos públicos e o fim de programas sociais, como o Aluguel Social e o Renda Melhor.
A participação dos PMs nos protestos teve destaque, embora obedecendo às restrições de que só podem participar das manifestações os policiais que estiverem em dia de folga, sendo proibido o uso de fardas e armamentos.
Para o Subtenente Vanderlei Ribeiro, presidente da Aspra (Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro), a decisão do comandante-geral da PM, Coronel Wolney Dias, pelo seu ineditismo, tem de ser louvada, mas deve ser encarada com alguma preocupação pelos policiais militares e também pelos bombeiros militares:
"De fato, é uma medida inédita esta do comandante-geral da Polícia Militar, mas temos de ver se o Coronel Wolney Dias adotou esta medida em solidariedade à classe dos policiais militares ou se ele está levando em conta interesses particulares. Já vimos isso acontecer no passado. Na época em que o comandante-geral era o Coronel Ubiratan Ângelo, nós tivemos uma reunião no seu gabinete com dirigentes de todas as entidades representativas da PM, e, paralelamente à nossa reunião, ocorria um encontro entre os coronéis da Polícia Militar e o secretário Estadual de Fazenda discutindo o piso salarial dos coronéis."
O Subtenente Vanderlei Ribeiro continua:
"Então, o que aconteceu? Os coronéis foram contemplados com um piso salarial definido, e os demais membros da categoria foram relegados a segundo plano. Então, todas as medidas tomadas pelo Comando-Geral da PM em relação à categoria nos deixam muito preocupados, porque precisamos avaliar qual é a sua verdadeira intenção. Não basta um comandante tomar uma medida simpática se nós não avaliarmos a profundidade dela. Eu não sei o que poderá acontecer lá na frente. Pode ser que a categoria esteja sendo usada como massa de manobra e acontecer, depois, algo desagradável. Mas eu espero do Coronel Wolney Dias que ele esteja mesmo demonstrando um comprometimento com os direitos de toda a categoria e não com uma pequena parcela dos policiais militares."
Vanderlei Ribeiro descarta qualquer possibilidade de a cidade do Rio de Janeiro ficar desprotegida com a presença de policiais militares da ativa nos protestos contra o Governo:
"Nós temos consciência da importância da nossa atuação como policiais militares. Só participa das manifestações quem está de folga. Quem está em serviço cumpre totalmente as suas obrigações. Não teria sentido abandonar o trabalho para participar de manifestações. Nós, policiais militares, estamos agindo com muita responsabilidade nestes protestos."
O presidente da Aspra faz ainda uma sugestão aos responsáveis pela segurança pública do Estado do Rio de Janeiro:
"Neste momento tão difícil para a nossa categoria, nós gostaríamos que todos os delegados de polícia e coronéis comandantes de batalhões e departamentos da Polícia Militar colocassem seus cargos à disposição. Seria a melhor resposta da Segurança Pública a este pacote de medidas do Governo do Estado que atinge o funcionalismo ativo, o inativo e os nossos familiares."
Sputnik Brasil também solicitou ao Comando Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que se manifestasse sobre esta e outras questões que dizem respeito à corporação, porém sua assessoria de imprensa informou que a "agenda do Coronel Wolney Dias está ocupada até o final do mês".