Em um dos seus artigos recentes, Julian Assange falou que qualquer partido político é uma forma de conluio criminoso. Ao falar do artigo, Craig Murray destaca que as presidenciais norte-americanas de 2016 são uma ilustração perfeita que reforça a ideia de Assange.
“Acho que esta é uma comparação ótima. Se olharmos para a correspondência publicada pelo WikiLeaks, percebemos que houve um conluio entre vários tipos de mídia, que com muita antecedência alertaram Clinton das perguntas concretas que iriam ser feitas durante o debate com Bernie Sanders com um só objetivo: fazer com que Hillary tenha alguma vantagem sobre o senador de Vermont de 74 anos.”
Deste modo, se entendermos a conspiração por um grupo de pessoas que se reuniram clandestinamente com fins infames e imorais, as eleições, estas em particular, seriam um ótimo exemplo, destaca Murray.
Entretanto, parece que graças a tais organizações como WikiLeaks e inúmeros vazamentos recentes, as pessoas estão cada vez mais cientes do que está se passando, embora a mídia faça de tudo para abafar. E o resultado das presidenciais norte-americanas é uma prova disto.
A única referência estaria ligada às alegações sobre envolvimento russo. Foi este o argumento principal usado pela candidata democrata para rechaçar as suspeitas e acusações. Mais que isso: até agora, quando o resultado já saiu, a mídia não reconhece nem ao menos um impacto mínimo causado pelos vazamentos nas eleições, sublinha o ex-embaixador.
Ao falar dos documentos que influenciaram de modo direto as eleições, Murray frisa, que, ao contrário do que pensam, foram os próprios integrantes do ‘establishment’ norte-americano que comunicaram as informações ao WikiLeaks.
“Eles estavam tão saturados da corruptibilidade do casal Clinton que decidiram revelar as informações ao WikiLeaks. Não foi o Kremlin. Documentos foram vazados por pessoas que são membros do ‘establishment’ por estarem fartas da trapaça e corrupção testemunhadas por eles”, assegurou Murray ao discutir com a Sputnik sobre alegada ligação russa [pelo menos, é disto que fala toda a mídia dos EUA] com as eleições norte-americanas.
Deste modo, embora a equipe de Clinton tenha tentado usar a retórica de uma nova guerra fria com a Rússia, isso não ajudou. Trump, por sua vez, nem sempre teve uma postura clara, mas se mostrou várias vezes disposto a construir relações mais amistosas, de conciliação e cooperação, com os parceiros russos.
Para concluir, o diplomata desabafou:
“Uma das coisas que o povo norte-americano fez ontem foi se opor à ideia de uma nova guerra fria com a Rússia. Isso é algo que devemos celebrar.”