Pequim acredita que o projeto atenderá aos interesses da China e de todos os agentes econômicos da região, incluindo os Estados Unidos, disse o diplomata chinês.
As felicitações da gerência sênior da China a Donald Trump por sua vitória nas eleições presidenciais dos EUA seria o primeiro gesto diplomático de Pequim para enfrentar a nova administração norte-americana. A ideia de criar uma zona de livre comércio foi apoiada na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, sigla em inglês) em Pequim, em 2014, impulsionada pelos interesses do país que sediou a reunião informal. Entre 19 e 20 de novembro, na cúpula da APEC em Lima, a criação de tal zona de livre comércio será um dos temas "quentes". Progresso em tal rumo pode ser alcançado, pois deve-se levar em consideração que a China ajuda financeiramente seu parceiros peruanos e, além disso, presta apoio ao Peru na organização da reunião entre os líderes econômicos dos países e regiões integrantes da APEC.
"Ao tomar essa iniciativa, puramente econômica, a China persegue uma meta de longo prazo — para descobrir a intenção dos Estados Unidos na região Ásia-Pacífico, em geral, e não apenas em termos de relações internacionais. Eu acho que Pequim sondará a nova posição da administração de Donald Trump a APR sobre o equilíbrio de forças no triângulo EUA-China-Rússia, sobre o futuro das relações sino-americanas. E esta iniciativa, em minha opinião, se encaixa na ideia geral geopolítica da China. Ele não deve ser visto apenas em termos econômicos.”
Donald Trump é um oponente categórico dos ideais de Barack Obama, por exemplo, o Acordo de Parceria Trans-Pacífica. Entretanto, é claro que os adeptos do projeto de criação de zona de livre comércio não irão entrega-lo nas mãos do novo dono da Casa Branca. Pequim acredita que será complicado resolver a situação. A simpatia chinesa, neste caso, provavelmente, pertence a Donald Trump, pois Barack Obama construiu CCI por muito tempo, também na qualidade de um instrumento para conter a crescente gigante comercial da Ásia — China. Além disso, em caso o projeto chegue a falhar, que é muito possível, Pequim poderá utilizar isso contra os parceiros dos EUA, tais como o Japão, Coreia do Sul, Austrália e Canadá. Alegando, por exemplo, que eles se tornaram reféns da mudança da situação política do seu aliado – os EUA.
Pequim entende que, caso o projeto de CCI enfrente contratempos, há a possibilidade de aparecer um vácuo na arquitetura comercial-econômica do Círculo do Pacífico. A proposta para suportar a criação de FTAAP, à primeira vista, é bastante neutra, mas, por outro lado, a China está dando os primeiros passos. Ficando óbvio quem assumirá a responsabilidade de tal projeto – a China.
É muito provável que, considerando o escândalo avançando nos EUA em torno da ratificação do acordo sobre CCI, Trump assuma uma atitude positiva para a iniciativa do FTAAP. Eis a opinião do especialista Andrei Volodin:
"Trump é uma pessoa pragmática. As declarações anti-China de Trump quando candidato à presidência dos EUA e as ações de Trump como o 45° presidente dos Estados Unidos possivelmente serão muito diferentes. Trump certamente vai ser pragmático à proposta da China, ainda mais agora que está claro que na política mundial o poder possui três centros – Estados Unidos, Rússia e China. Os EUA vão correlacionar as suas políticas a essa verdade, assim como a China será guiada pelos interesses do triângulo Washington-Moscou-Pequim. China, é claro, quer encontrar pontos comuns com os Estados Unidos, incluindo uma zona de livre comércio, porque, obviamente, "as economias da China e dos Estados Unidos são interdependentes."