"A emergente LRSO destina-se a funcionar como um elemento crítico do arsenal nuclear militar dos EUA", explicou o tenente-general Jack Weinstein, chefe de gabinete adjunto para Dissuasão Estratégica e Integração Nuclear, em entrevista ao site militar Scout Warrior.
De fato, a Força Aérea dos EUA parece estar preocupada com o fato de seu envelhecido AGM-86B, míssil de cruzeiro lançado do ar (ALCM, na sigla em inglês), ser incapaz de superar os avançados sistemas russos de defesa aérea S-300 e S-400.
"Funcionários russos e relatos de imprensa têm repetidamente afirmado que suas defesas aéreas podem detectar e atacar muitos aviões furtivos, mas alguns observadores estadounidenses acreditam que a Rússia muitas vezes exagera suas capacidades militares. Apesar disso, muitos desenvolvedores de armas e plataformas stealth levam as defesas aéreas construídas pela Rússia muito a sério. Muitos afirmam que a existência desses sistemas impactou enormemente a estratégia de desenvolvimento de armas dos EUA", continua o artigo.
O tenente-general Weinstein deu sua própria explicação.
"Se, por exemplo, os militares russos acreditassem que ter um míssil de cruzeiro nuclear avançado lhes daria uma vantagem distinta – eles provavelmente tentariam tê-lo. Como resultado, a estratégia de dissuasão dos EUA precisa garantir que sua potência nuclear ofensiva possa igualar ou exceder a de qualquer rival em potencial. Esta estrutura conceitual fornece a base para o porquê de muitos líderes militares dos EUA acreditarem que é vital para a Força Aérea ter um LRSO operacional", alegando que a nova arma é projetada para "manter a paz".
De acordo com a Força Aérea dos EUA, o LRSO deverá substituir o antigo ALCM AGM-86B, que atualmente pode ser lançado a partir de bombardeiros B-52 e que já ultrapassou em muito a sua vida útil, tendo surgido no início da década de 1980 com vida projetada de 10 anos.
No entanto, de acordo com o relatório da União dos Cientistas Preocupados, organização de advocacia científica sem fins lucrativos com sede nos EUA, o custo total para o novo sistema de armas será de aproximadamente US$ 22 bilhões a 25 bilhões, “embora – dado o histórico de frequentes excessos de custos em programas de defesa – o preço final provavelmente será consideravelmente maior".
O relatório continua dizendo que o novo míssil de cruzeiro carregará uma versão remodelada da ogiva W80 usada no atual ALCM. A ogiva, a ser chamada de W80-4, está entrando em um programa de extensão de vida útil agora e começará a ser produzida em 2025.
No entanto, nem todos estão de acordo com esses planos. Relata-se que um grupo de senadores do país está lutando contra o desenvolvimento do LRSO, “alegando que seria redundante, muito caro e muito desestabilizador", diz o Scout Warrior.
A preocupação dos senadores, diz o site, é baseada nas ideias de não-proliferação nuclear e sustenta que os planos da Força Aérea poderiam inspirar ainda mais uma corrida armamentista nuclear e introduzir novos elementos ainda mais ameaçadores na tríade aérea do arsenal nuclear norte-americano.
A entidade diz ainda que o novo míssil de cruzeiro "não é consistente com a declaração de 2010 do presidente Obama de que os EUA ‘não irão buscar novas missões militares ou novas capacidades para armas nucleares’. A busca desta arma também parece contrária à meta de Obama de reduzir ‘o papel das armas nucleares em nossa [dos EUA] estratégia de segurança nacional’, como declarou ele em seu discurso de 2009 em Praga".