"Depois da queda do governo de Saddam Hussein, liderado pelos Estados Unidos, houve um enorme vácuo de poder, e enquanto ele era um ditador terrível, ocorreram todos os tipos de abusos horríveis de direitos humanos, havia também um nível muito forte de controle, não existindo espaço para o terrorismo jihadista. Mas depois da queda do governo e depois que milhares de soldados foram desmobilizados, foi percebida a agressão das organizações jihadistas", disse Sammonds.
Segundo ele, o governo sírio também foi parcialmente responsável pela propagação do grupo extremista já que a nação síria estava apoiando as forças anti-EUA durante a Guerra do Iraque. Nos primeiros dias dos protestos de 2011 e 2012, Damasco teria liberado das prisões muitos jihadistas que mais tarde se aderiram ao Daesh e à Frente Nusra (ambos proibidos na Rússia), acrescentou.
Além disso, o apoio aos mujahideen sunitas pelos Estados Unidos durante a Guerra Afegã-Soviética também poderia ter desempenhado um papel importante na ascensão do Daesh.
"Alguns dos jihadistas vieram para a Síria do Norte da África, Afeganistão e outros lugares. Em 1979, ocorreu o conflito entre mujahideen afegãos e o governo apoiado pela União Soviética, já os Estados Unidos estava feliz em apoiar [os mujahideen afegãos]", disse Sammonds, acrescentando que o "mais importante foi o papel do Iraque e do próprio governo sírio".
A coalizão liderada pelos EUA invadiu o Iraque em 2003, sem um mandato da ONU, depois de acusar o líder iraquiano Hussein de possuir armas de destruição maciça, que nunca foram encontradas.
O Daesh é um grupo terrorista radical sunita proibido na Rússia e em muitos outros países, tomou o controle de vastas áreas no Iraque e Síria, forçando milhares de pessoas a fugir de suas casas. O grupo reivindicou a responsabilidade por dezenas de ataques terroristas mortíferos realizados em diferentes partes do mundo.