Além de servidores públicos, as manifestações reuniram representantes de associações de professores, bancários e, pela primeira vez, motoristas de empresas de ônibus. Em várias capitais, embora não tenham durado todo o dia, centenas de ônibus não saíram das garagens, o que dificultou a movimentação de milhares de pessoas pela manhã. Em Porto Alegre, a Brigada Militar só conseguiu liberar alguns portões de empresas após investir contra os manifestantes disparando bombas de gás lacrimogêneo.
Os estados que registram passeatas até agora são Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. Embora pacíficos, os protestos interromperam também importantes rodovias, como em São Paulo, onde foram bloqueadas as vias Anchieta, Dutra e Régis Bittencourt.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o secretário de Assuntos Internacionais da CUT, Ariovaldo Camargo, fez um balanço positivo do movimento e adiantou os próximos passos que serão tomados junto com outras centrais sindicais para definição de uma data para greve geral em todo o país ainda este ano.
"Não é possível que a população brasileira permita que um governo ilegítimo, que acabou usurpando o poder de um governo democraticamente eleito, tenha o direito de mexer com a vida de todos os trabalhadores. Com a PEC 241 na Câmara, agora a 55 no Senado, dizia-se naquele momento que era uma questão que mexia apenas com os gastos públicos e com os servidores públicos. Com o passar do tempo, fomos conseguindo construir um diálogo com outras categorias profissionais para demonstrar que a destruição de escolas e hospitais públicos não era uma questão que estava vinculada apenas aos servidores públicos mas em especial ao serviço público. Muitas das categorias do setor privado utilizam as escolas públicas e hospitais públicos dada à realidade econômica."
Camargo aforma que, depois de 180 dias do novo governo, não há no horizonte um cenário de retomada de crescimento e desenvolvimento e que o desemprego tende a se agravar com os juros cobrados no país.
"O congelamento do investimento público por 20 anos tem impacto na Previdência — os trabalhadores não vão ter reajuste nas suas pensões e aposentadorias —, para os que estão próximos de se aposentar a reforma da Previdência não permitirá que eles possam se aposentar dentro daquilo que haviam planejado. Há um sentimento agora das categorias profissionais como um todo de que há necessidade de se barrar esse projeto que está sendo implementado pelo governo Temer. Estamos chamando esse dia 11 de Greve Nacional na perspectiva da greve geral junto com as outras centrais sindicais. Vamos resistir e não vamos aceitar a destruição do Estado brasileiro por parte de um governo que é originário de um golpe parlamentar."
Camargo acredita que as manifestações dessa sexta-feira em todo o Brasil tendem a fazer com que os senadores pensem duas vezes e não sejam "marionetes do governo golpista". Segundo ele, as pressões dos trabalhadores e as paralisações podem exercer uma cobrança no Senado diferente daquela que a Câmara dos Deputados sofreu. O dirigente diz que, com relação às outras centrais, não foi possível construir um ato unificado. Houve divisão com duas datas: a CUT com o dia 11 e algumas outras centrais escolheram o próximo dia 25.
"Acredito que a pressão dos próprios trabalhadores e sindicatos permitirá que se possa definir a data de uma greve geral."