Procedimento controverso
Em maio deste ano, Himanshu Bansal, cirurgião ortopédico do Hospital de Anupam, no norte do estado de Uttarakhand, anunciou planos para restaurar parcialmente a vida a cerca de 20 pessoas que sofrem de morte cerebral, ou seja, aqueles cujo cérebro está clinicamente morto, não registra qualquer atividade e cujas vidas são mantidas artificialmente. Para consegui-lo, o cirurgião poderia utilizar métodos tais como injeções de células estaminais mesenquimais (que podem produzir mais do que um tipo de célula especializada do organismo) e péptidos, bem como a estimulação transcraneana com laser e do nervo mediano, que se estende a partir da garganta para o braço.
Em entrevistas com a mídia local, Bansal descreveu seu objetivo como uma tentativa de conduzir as pessoas com morte cerebral a um "estado minimamente consciente", condição em que os pacientes podem, por exemplo, seguir objetos com os olhos.
Embora haja pouca evidência de que as pessoas que sofrem de morte cerebral podem recuperar as funções, Bansal argumenta que a literatura descreve um número significativo de casos de pessoas que recuperam a consciência plena depois de terem permanecido em um estado quase vegetativo.
Bioquark, uma empresa de biotecnologia com sede em Filadélfia, EUA, concordou em fornecer os peptídeos que deviam supostamente ajudar a regenerar as células cerebrais.
De acordo com os pesquisadores, este tratamento pode "reativar" o cérebro, tal como alguns anfíbios, tais como as salamandras, são capazes de regenerar parte do cérebro depois de sofrerem traumas graves.
A ideia de que a morte cerebral pode ser facilmente revertida parece muito distante, opinam os especialistas.
Além disso, muitos cientistas acreditam que tal projeto não é eticamente sustentado já que, primeiro, essa combinação de intervenções não foi testada em animais, e segundo, mesmo se a intervenção tenha êxito, tal poderá trazer dor emocional aos parentes.
Entretanto, os chefes do projeto tentam encontrar uma maneira de continuar o experimento e, se for necessário, fora da Índia, relata a Science.