Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Esperidião Amin declarou que "em princípio isto deveria ser visto como mais um episódio bizarro, dentre tantos que já aconteceram no Poder Legislativo".
"Mas, diante do momento que o país está vivendo", argumenta o parlamentar do DEM-SC, "com a situação se agravando em várias unidades da Federação, principalmente no Estado do Rio, em que dois ex-governadores [Anthony Garotinho e Sérgio Cabral] estão presos, os servidores e a população se encontram totalmente insatisfeitos e os tumultos e a violência se sucedem diante da Assembleia Legislativa, diante de tudo isso esta invasão ao Congresso Nacional deve ser vista com cautela e preocupação."
No episódio de quarta-feira os manifestantes venceram a barreira da segurança e, mesmo tendo de enfrentar os agentes da Polícia Legislativa, conseguiram chegar ao Plenário para protestar contra a corrupção e pedir, inclusive, a volta do regime militar no Brasil. Depois de muito tumulto e de novos enfrentamentos com a Polícia Legislativa, os manifestantes foram retirados da Câmara e, por determinação do Presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), entregues à Polícia Federal.
Sputnik Brasil solicitou à Polícia Federal que um de seus agentes concedesse entrevista sobre a detenção e o indiciamento dos manifestantes, e recebeu da Assessoria de Imprensa do órgão a seguinte nota:
"A Polícia Federal já instaurou inquérito para apurar a ocorrência de crimes de dano e associação criminosa. Nada impede que, no decorrer das investigações, sejam identificados outros crimes. Ao todo, são 40 pessoas envolvidas. Também foram instaurados dois termos circunstanciados para apurar lesão corporal contra um policial legislativo. Todos os envolvidos, após serem ouvidos pelos policiais, foram liberados."
Ainda de acordo com o Deputado Esperidião Amin, há dois anos uma invasão de índios ao plenário da Câmara também causou grande preocupação, porém as circunstâncias do episódio desta quarta-feira foram diferentes:
"Naquela ocasião, da invasão dos índios, o Plenário estava muito mais cheio do que nesta quarta-feira. Eu lembro bem porque estava lá. Mas a motivação dos baderneiros desta quarta-feira, conforme os qualificou o Presidente Rodrigo Maia, foi diferente e bem mais grave, porque eles protestavam contra o comunismo, pediam a volta do regime militar e defendiam, enfim, a ruptura institucional. Então, reforço o que afirmei: desta vez, a invasão ao Congresso Nacional tem de ser vista com cautela, preocupação, e os seus responsáveis devem ser identificados pela Polícia Federal, indiciados e responsabilizados juridicamente pelos atos que cometeram."