"Se a Rússia torcia por Trump naquela madrugada eleitoral, é bem fácil adivinhar quem não o fazia", diz o jornal, aludindo ao desejo de Kiev de ver Hillary Clinton como próximo presidente dos EUA.
O Washington Post cita Vitaly Sych, editor-chefe da revista Novoe Vremya, que antes do apuramento dos votos tinha preparado apenas um dossiê — sobre Hillary. Segundo diz o jornalista, os ucranianos nunca acompanharam as eleições norte-americanas de um modo tão escrupuloso.
Logo após o resultado ter sido anunciado, a Novoe Vremya publicou um artigo intitulado "Os EUA estão se fazendo de bobos", sendo que os colegas de Vitaly Sych o dissuadiram de publicar o título inicial — "Grosseirão, ignorante e racista — conheçam o novo presidente norte-americano".
De acordo com ele, a reação principal à vitória de Trump foi de angústia, já que ao longo de sua campanha eleitoral ele tinha falado sobre sua intenção de ajustar as relações bilaterais com a Rússia e considerar a hipótese de levantar as sanções contra o país.
Biggest loser in the world tonight-- Ukraine. Your only hope is to get really serious about reform and keep Euros supportive.
— Michael McFaul (@McFaul) 9 ноября 2016 г.
O ex-embaixador norte-americano em Moscou, Michael McFaul, publicou no seu Twitter: "Foi a Ucrânia quem perdeu mais com as eleições norte-americanas». Alguns políticos ucranianos estão de acordo com ele. O WP, por exemplo, cita um certo legislador que falou do "medo primitivo de perder o apoio dos EUA perante a agressão russa".
Entretanto, passada uma semana das eleições, os deputados ucranianos não se apressam a discutir aquilo que Trump falou sobre a Ucrânia: a necessidade de estabelecer relações com o presidente recém-eleito provocou uma espécie de ‘oportuno ataque de amnésia', diz o WP.
As autoridades ucranianas estão tentando diminuir grau de preocupação com Trump e fazer as pessoas pensarem que "ainda nada está perdido".
Viktoria Voitsitskaya, uma deputada ucraniana, sugeriu que Trump seria mais honesto do que os estadistas norte-americanos do governo atual.
"Acho que ele será mais direto. Eles [membros da administração nova] vão exigir mudanças reais. Se não, estamos irremediavelmente perdidos."
Porém, os peritos ucranianos reconhecem que se Clinton tivesse vencido Trump, isso não resolveria a crise ucraniana.
"É muito ingênuo tentar acreditar que a eleição de Hillary Clinton contribuiria para a resolução do conflito ucraniano", afirmou o perito ucraniano nas Relações Internacionais e Segurança, Aleksei Melnik, ao WP.