Em fevereiro deste ano, uma equipe do LIGO anunciou a detecção de ondas gravitacionais, previstas pelo físico Albert Einstein há cem anos, mas até agora nunca antes observadas. A descoberta, possivelmente a mais importante da física em um século, promete jogar nova luz sobre o entendimento humano do universo.
Kip Thorne: Descobrimos dois sinais novos, que eu já descrevi. Essas buscas duraram de setembro a janeiro. A partir de janeiro, a equipe trabalhou para reduzir os ruidos e limpou os detectores. Os detectores estão sendo preparados para realizar uma segunda busca. Portanto, não ficamos sabendo de mais nada, além de como se elimina os ruídos.
S: Além de aplicações científicas e da possibilidade de criar mapas dos horizontes dos buracos negros, existe alguma aplicação prática do estudo das ondas gravitacionais?
KT: Muitas tecnologias foram desenvolvidas… Por exemplo, o método utilizado para estabilizar o laser, para atingir uma frequência sem interferências, foi criado para o projeto LIGO. Ou seja, existem ramificações tecnológicos. Além disso, no entanto, não há nada. A tecnologia possui outras aplicações, mas o objetivo do LIGO é tentar ajudar a entender o universo, oferecer às nossas crianças uma compreensão do universo que seja muito melhor, do que quando começamos.
S: Exite um modo fácil e simples de explicar as ondas gravitacionais para leigos?
KT: Elas expandem e comprimem o espaço.
S: Sobre o Interstelar. Você foi um dos responsáveis pela parte científica do filme. Qual o princípio científico foi melhor apresentado na tela? Qual é o seu momento preferido?
KT: No filme esse momento foi a distorção do tempo. É um momento bastante forte, quando você vê como Cooper envelheceu somente alguns meses, enquanto a filha dele ficou 20, depois mais 50 anos mais velha, pois ele se aproximou do buraco negro. Isso é teoria da relatividade, mas uma teoria da relatividade que se integrou à cultura mundial graças ao filme. Esse é, de certa forma, o momento científico mais forte do filme, pois é muito emocional. A reunião com a filha, quando ela já está idosa, é um final muito emocionante.
Kip Thorne fala do seu novo projeto
Estou trabalhando num segundo filme. Eu entendi, ao trabalhar com Interstelar, que a divulgação das informações deve ser controlada pelo estúdio. Eles sabem melhor como provocar o agitação que venderá o máximo de ingressos. Para eles é importante vender o número máximo de ingressos, pois assim eles ganham mais dinheiro. Para mim, entretanto, isso é importante, pois assim eu vou poder afetar mais pessoas no que diz respeito ao entusiasmo e à compreensão da ciência. Por isso só vou dizer aquilo que posso sobre o meu segundo filme. Não posso contar muito mais.
Interstelar começou com aquilo que chamei de uma sinopse, escrita por mim e Linda Obst. Linda Obst foi responsável pela editoria de ciência na revista NYT, agora ela é produtora de cinema. Escrevemos uma sinopse, com descrição dos aspectos científicos e uma história que se adequava a isso.
Christopher Nolan e Jonathan Nolan alteraram completamente a história, mas deixaram a parte científica. Assim trabalhamos juntos sobre uma nova história.
Agora eu também escrevi a sinopse para um segundo filme, novamente com Linda Obst e com Stephen Hawking. Já temos um estúdio, um diretor e praticamente temos um roteirista. Eu não posso dizer que estúdio, nem quem é o diretor e nem quem é o roteirista. Só posso dizer que, possivelmente, vocês conhecem eles.
Esse projeto não está relacionado com os Nolan, nem será uma sequência do Interstelar. Será um filme de ficção científica, com novos e impressionantes princípios científicos. Eu espero que, assim como no caso do Interstelar, esse filme inspire pessoas em todo o mundo.