Para o professor de Relações Internacionais Diego Pautasso, da UNISINOS (Universidade do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul), a comparação entre a autopropaganda do Estado Islâmico e a atuação das mídias russas é inadmissível. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Diego Pautasso, especialista em assuntos da Rússia, declara:
"[A comparação] é descabida. Sobretudo partindo de uma instituição que, obviamente, congrega a elite política de um continente desenvolvido como é a Europa. Realmente, é inacreditável, mas isso tem explicação. Por um lado, há o aspecto mais específico de que o crescimento das agências russas de notícias tem furado, em alguma medida, o monopólio da mídia ocidental e de outro lado, há o aspecto que vimos comentando há tempos neste espaço, que diz respeito à estratégia dos Estados Unidos e do Ocidente de contenção da Rússia, a partir do momento em que este país se tornou mais assertivo na arena internacional."
Sobre esta estratégia, há a informação do órgão oficial EU Observer de que a União Europeia poderá destinar verba de 1 milhão de euros (R$ 3,6 milhões) ao grupo de trabalho encarregado da contenção da Rússia na esfera midiática.
Para o Professor Diego Pautasso, isto reforça a convicção de que não há a menor possibilidade de conectar a propaganda do Daesh à atuação das mídias russas:
"A mídia do Estado Islâmico é a mídia de um grupo terrorista sem compromisso com nenhum tipo de organização internacional, sem comprometimento com o Estado moderno, nem tampouco com a formação de uma opinião pública. As mídias russas, as mídias de fora do grande núcleo ocidental, têm compromisso com seus Estados e com a opinião pública. São formadas por jornalistas de renome, com uma trajetória importante e, evidentemente, causam desconforto porque rompem um certo monopólio de formação de opinião, histórico, no núcleo dos países ocidentais."
Na quinta-feira, 24, a imprensa russa destacou as informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores de que a Rússia espera pela não adoção de medidas concretas após a entrada em vigor da resolução do Parlamento Europeu. Segundo as mesmas fontes, a porta-voz do Ministério, Maria Zakharova, disse ainda que medidas de retaliação serão tomadas se esta resolução produzir consequências.