Na conversa, segundo afirmou o presidente, falou-se apenas sobre “um conflito entre órgãos da administração”, relacionado ao impasse com o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) quanto à liberação da construção de um empreendimento imobiliário em Salavador, no qual o agora também ex-ministro Geddel Vieira Lima possui um apartamento.
“Ao que parece, ele [Calero] gravou a conversa. Com toda franqueza, acho que gravar clandestinamente é sempre algo desrazoável e gravíssimo. Se gravou, vou exigir que essa gravação venha à luz. Todos vocês sabem que sou cuidadoso com as palavras e que jamais diria algo inadequado”, disse Temer, acrescentando que a atitude de Calero foi de uma "indignidade absoluta".
A declaração foi feita em entrevista coletiva convocada para anunciar um acordo entre o Executivo e o Legislativo para barrar o projeto de anistia ao caixa dois eleitoral.
“O ex-ministro [Calero] me procurou na quarta-feira (23) à noite, durante o jantar com os senadores, dizendo que tinha um pedido [feito por Geddel] que seria difícil atender. Eu disse para fazer o que achasse melhor, e que se houve pleito, que visse o que seria melhor fazer”, disse o presidente.
“Na quinta-feira (24), ele veio à tarde para falar comigo e me contou por inteiro o caso. Ele disse que não queria entrar na história. Eu disse que se ele não quisesse entrar na história, havia uma solução legal: a lei diz que quando há conflito de órgãos, pode-se ouvir a Advocacia-Geral da União, que fará avaliação daquele conflito. Logo depois ele disse que queria voltar a noite para falar comigo. Voltou às 21h com a mesma conversa, com o mesmo conteúdo. Parece que ele gravou mesmo”, acrescentou Temer.
O presidente disse ainda que o caso acabou ganhando “dimensão extraordinária” e reconheceu que a demora entre as acusações de Calero e a saída de Geddel do governo, concretizada na sexta-feira (25), não ajudou. “Se tivesse demorado menos seria melhor, mas também não causa prejuízos de grande monta”, disse.