"O coração grande de Plutão tornou-se um fardo muito pesado para o pequeno planeta, responsável pela criação da depressão. Algo parecido aconteceu com a Terra quando a Groenlândia foi coberta por uma casca de gelo. [A Groenlândia] 'espremeu' a crosta terrestre, criando uma lacuna no nosso planeta, que causou uma anomalia gravitacional", disse o pesquisador Douglas Hamilton da Universidade de Maryland em College-Park (EUA).
Quando a sonda New Horizons se aproximou de Plutão e do conjunto de satélites em junho do ano passado, a primeira e a mais extraordinária característica descoberta pelos cientistas sobre sua superfície foi o famoso "coração" de Plutão, planície de cor mais clara quando comparada ao resto da superfície do nanico planeta.
Pouco a pouco, o acúmulo de gele na cavidade começou a "puxar" o planeta para baixo, em sequência, as planícies do satélite, que anteriormente estavam localizadas nos Polos de Plutão, começaram a se mover para a Linha do Equador. Como resultado de todas essas mudanças, Plutão está alinhado ao seu satélite Caronte, considerado o maior entre "os amigos próximos" de Plutão.
Ele frisa que o "coração congelado" de Plutão poderia ter sido formado durante os primeiros anos de sua existência, quando o planeta nanico realizava o movimento de rotação a velocidades rápidas. O coração se locomoveu para o Polo de Plutão devido a duas coisas extraordinárias — o seu clima severo e a inclinação do eixo de rotação para 120 graus. Tais façanhas realmente poderiam explicar a localização atual do “coração gelado” do pequeno longínquo.
Devido a mudanças bruscas de temperatura e inclinação incomum do eixo de Plutão, como disse Hamilton, os lugares mais frios do planeta, paradoxalmente, não são os seus Polos, mas as estreitas linhas das latitudes temperadas, localizadas a uma latitude de 30 a 40 graus a norte e sul.
Com o passar tempo, as grandes geleiras, que foram formadas em tal localização, tornaram-se ainda mais frias por refletirem a luz com mais intensidade do que outras partes da superfície de Plutão. Isso acelerou a acumulação de gelo no "coração" de Plutão, consequentemente, formando uma "cratera profunda". Esses fatores foram responsáveis pela queda de temperatura do ar e o acúmulo de gelo ainda mais rápido, daí a anomalia gravitacional.