O homem que conseguiu o impossível: construir uma sociedade comunista perto dos EUA, Fidel Castro, nascido em 13 de agosto de 1926 na fazenda paterna em Birán, na província do Oriente, em Cuba, sobreviveu a 12 presidentes norte-americanos e na época da Guerra Fria se tornou aliado da União Soviética contra a vontade de Washington.
Hoje, quando as cinzas do Pai da Revolução cubana foram enterradas para descansar em paz, recordamos a trajetória de Fidel Castro, figura-chave do século XX.
Ainda muito jovem Fidel se decepcionou com os Estados Unidos. Quando estudava no colégio jesuíta em Dolores, ele escreveu uma carta a Franklin Delano Roosevelt, o convidando a visitar as minas de ferro do Oriente e lhe pediu uma cédula de US$ 10 autografada. Ele recebeu uma carta de resposta do Departamento de Estado, mas nela não havia nenhuma cédula. O colega de escola de Fidel se lembrou que ele ficou muito incomodado e disse que os "norte-americanos eram muito tacanhos".
A vida política de Fidel Castro começou em 1942, ano em que ele ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Havana, o lugar perfeito e protegido para discutir todas as ideias políticas. A índole revolucionária de Fidel fez com que ele se aproximasse dos grupos rebeldes. Já nos anos estudantis Castro participou de vários manifestações e rebeliões.
Em 2 de dezembro de 1956, Castro desembarcou com seu irmão Raúl e seguidores do iate "Granma" na praia de Las Coloradas, no sul do país, perto da Sierra Maestra, onde já eram aguardados pelo exército. Ocorreu um confronto, sobreviveram apenas 12 homens. O período da Sierra Maestra foi caracterizado pela luta armada contra o exército governamental, ciente das intensas negociações políticas entre diversas facções revolucionárias, algumas delas com sérias suspeitas em relação ao líder cubano.
Em Sierra Maestra começa a se opor às ações dos EUA. Em carta para a uma sua amiga e revolucionária Fidel Castro escreveu: "Quando esta guerra terminar, começará uma muito maior, uma guerra contra eles [os norte-americanos]. Acabo de chegar à conclusão de que esse é meu destino."
As ações do governo para reprimir o Movimento 26 de Julho fizeram com que Fidel ganhasse mais popularidade e se tornasse líder inquestionável da oposição a Batista e do país.
Começam os julgamentos populares contra agentes de Batista, os fuzilamentos resultaram na reprovação da América Latina e dos EUA. O número exato de mortos nunca foi determinado. Nos primeiros meses Fidel Castro realizou várias reformas, a mais marcante foi aquela que estabeleceu a alfabetização obrigatória e se tornou um emblema do governo de Castro.
Os primeiros anos da Revolução cubana foram marcados pelo desentendimento entre os EUA e Cuba e pela aproximação de Havana a Moscou. O confronto com os EUA se agrava devido à Crise de Misseis de Cuba. Em outubro de 1962, satélites norte-americanos descobriram a construção de bases de misseis nucleares soviéticos em Cuba. A crise durou 13 dias, ao final, depois de negociações diretas entre Kennedy e Nikita Krushchov, líder soviético, os militares da URSS se retiraram evitando assim um grande conflito nuclear.
Continuado a revolução, Fidel nacionaliza a educação e a saúde pública, milhares de cubanos fogem da ilha, se mudando para os EUA.
Em 2006, Fidel fica gravemente doente, passa por várias cirurgias. Provisoriamente ele cede o poder ao seu irmão Raúl, que em 2008 assume o poder definitivamente.
Fidel Castro morreu aos 90 anos de idade na noite da sexta-feira (25). Foi declarado luto nacional no país, com bandeiras nacionais a meio-mastro e eventos de entretenimento cancelados.
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