Segundo o especialista, nos Estados Unidos o acordo provocou grande divisão — há aqueles que dizem que foi permitido ao Irã demasiadas coisas e há outros que acham que o acordo foi não suficiente.
"Outra questão é que foram levantadas só as sanções do Conselho de Segurança da ONU contra Teerã, mas outras sanções foram deixadas ao critério dos respectivos países. E eles também prometeram que contribuiriam para o levantamento, mas contribuir ainda não significa resolver o problema", disse.
"No próprio Irã o acordo também provoca descontentamento porque foi limitado o direito de enriquecer urânio, mas, ao mesmo tempo, não foram de fato levantadas as sanções. Por isso, quanto ao acordo, a situação é instável."
O especialista destacou que muito dependerá da posição do presidente eleito norte-americano Donald Trump.
"De um lado, isso [o destino do acordo] dependerá da política de Trump, mas por outro, dependerá da necessidade que o próprio Irão venha a sentir em cumprir o acordo para que este não seja unilateral," disse.
Mais cedo o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, avisou que o seu país pretende parar o cumprimento do acordo nuclear se os EUA prorrogarem as sanções. A declaração de Zarif foi feita no pano de fundo do recente comunicado do presidente norte-americano Barack Obama de que iria assinar a lei sobre a prorrogação as sanções contra o Irã por mais 10 anos, que já foi aprovada por ambas as Câmaras do Congresso dos EUA.
Segundo o docente russo, a lei que Barack Obama pretende assinar não interfere com o acordado entre o sexteto (Rússia, Estados Unidos, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha) e o Irã.
"Ela [a lei] rompe o espírito do acordo, mas formalmente os EUA têm pleno direito de manter as sanções nacionais", explicou Fenenko.
O projeto da lei com medidas restritivas contra o Irã foi adotado em 1996 com o objetivo de conter a indústria nuclear de Teerã, para evitar que o país criasse armas nucleares. O prazo da lei expira em dezembro de 2016. Apesar dos acordos com o Irã, o Congresso e presidente dos EUA querem deixar a lei em vigor para que possam voltar a impor sanções caso Washington decida que Irã viola o acordo.
Foi também adotado o Plano de Ação Conjunto Global sobre o programa nuclear iraniano que inclui uma série de potências mundiais. O acordo foi feito para garantir o uso pacífico da tecnologia nuclear iraniana e aliviar as sanções econômicas contra o país. Após entrar em vigor em 16 de janeiro, o acordo foi respeitado pelo Irã, segundo declararam representantes da AIEA.