"Contudo, o Brexit e o referendo na Itália são apenas partes da mesma história. Agora na União Europeia se observa uma tensão sem precedentes e a saída do Reino Unido é a prova mais marcante disso. Afinal de contas, a crise que se está desenvolvendo na Itália pode criar uma ameaça séria à existência da União Europeia. Há razões políticas, econômicas e mesmo geográficas para isso", destacou o analista.
Primeiro, a Itália é um Estado fundador da União Europeia e sempre a apoiou da forma mais ativa. Entretanto, no meio das atuais crises econômica e migratória a atitude dos italianos perante a UE mudou muito. Agora, cada vez mais italianos consideram o euro ruinoso para o país, e muitos economistas pensam que a moeda comum europeia privou a Itália de vantagens competitivas, diz o artigo.
O populismo italiano é muito perigoso para a UE, porque a Itália faz parte da zona do euro. Sim, o Brexit é um assunto complicado, mas não ameaça de forma direta a existência do euro e não traz uma ameaça de crise a toda a economia europeia, pensa o observador.
A ameaça mais provável e mais próxima é o colapso do sistema bancário italiano, que colocará em dúvida a solvência do país. Salvar a Itália é mais difícil que a Grécia. Exigências de mais dinheiro podem provocar uma revolta no parlamento alemão. Nesta situação o colapso do euro será muito provável, afirmou Rachman.
No domingo (4), na Itália se realizou um referendo à reforma constitucional proposta pelo governo de Matteo Renzi. O projeto de lei previa alterar o papel e as funções do Senado. Foi proposto diminuir o número de senadores de 315 para 100. Em resultado disso, o parlamento teria poderes limitados até se resolverem os assuntos relacionados com as reformas e emendas à Constituição.