Fruto direto da dissolução da União Soviética, consumada pelo seu único presidente e último secretário-geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, ao renunciar em 25 de dezembro daquele ano, a CEI foi a princípio vista como sucessora da URSS. Mas, à medida que as ex-repúblicas soviéticas foram se consolidando como novos países legitimamente constituídos, a Comunidade de Estados Independentes firmou-se como um bloco em que cada membro procurou preservar sua soberania. O Acordo de Minsk, como ficou conhecida a reunião de 8 de dezembro de 1991, estava delineado.
Por quais motivos a União Soviética se dissolveu? Para Antônio Gelis, da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, especialista em assuntos da Rússia, as causas são várias. Em entrevista à Sputnik Brasil, o Professor Gelis destacou algumas dessas razões e apontou a China como a grande beneficiária dos inesgotáveis conflitos entre a União Soviética e o Ocidente.
"Eu acho que a União Soviética morreu por um milhão de causas. Aconteceu uma série de problemas, mas o principal, a meu ver, foi que ela nunca conseguiu, por conta do seu planejamento centralizado – e nem os seus satélites conseguiram –, constituir um mercado de consumo. Para isso, é muito difícil utilizar o planejamento centralizado. Obviamente, nós tínhamos a chamada Guerra Fria, e portanto era muito difícil haver enormes trocas comerciais entre o bloco soviético e o bloco ocidental. Seria preciso ter um mercado interno muito desenvolvido para chegar a esse objetivo. Mas isso nunca aconteceu. Aliás, essa lição foi aprendida pela China, que liberou uma série de atividades e conseguiu construir um enorme mercado de consumo. Isso foi o ponto central."
O professor de Relações Internacionais conclui:
"Acho que há um mito de que a Guerra Fria foi uma derrota da União Soviética e uma vitória do Ocidente. Eu gosto sempre de dizer o seguinte: a Guerra Fria foi lutada entre o Ocidente e a União Soviética, e a China ganhou."