Falando à Sputnik Brasil sobre a campanha Amigo do Cristo, o Padre Omar Raposo, reitor do Santuário do Cristo Redentor, conta que a mobilização popular sempre manteve o monumento e é diretamente responsável pela sua existência:
"O [Monumento ao] Cristo Redentor, desde a sua origem, foi pensado e construído a partir da mobilização popular. De tal forma que todo recurso arrecadado pela Igreja Católica para a construção do Cristo foi trazido por doações dos fiéis. E, trabalhando em torno desse resgate histórico, nós queremos mais uma vez fazer uma campanha que vise a arrecadar fundos para a manutenção do Cristo. Não temos receitas oriundas de parcerias institucionais ou, quem sabe, do próprio fluxo turístico em torno do monumento. Hoje temos a iniciativa privada ou recursos próprios da Igreja, que mantêm este monumento sempre conservado, além de toda a infraestrutura de funcionários, de planejamento, de comunicação, de tecnologia, que existe vinculada ao monumento do Redentor."
O Padre Omar revela quanto custa a manutenção do complexo:
"Em torno de R$ 3 milhões custa toda a parte de infraestrutura [por ano]. Também temos o restauro das pedras-sabão e [os danos causados pelos] contínuos ataques de raios e intempéries. Este é um monumento que está ao ar livre, e isso provoca uma série de desgastes ao longo do ano. Por isso, essa reforma é contínua. Além de tudo, nós temos trabalhos sociais e culturais vinculados ao monumento, além de uma estrutura profissional que garante o bom funcionamento e o acolhimento do Cristo Redentor no alto do Corcovado."
A falta de recursos financeiros pode prejudicar diversos serviços relacionados ao Cristo, como, por exemplo, sua tão elogiada iluminação. Mas há outros fatores também que devem ser levados em conta, segundo o religioso:
"Não somente a iluminação [pode ficar prejudicada]. Todo o monumento pode ficar deteriorado. Nós temos um gasto grande para deixá-lo, de fato, como um símbolo capaz de comunicar alguma coisa, de estar ligado a uma campanha de cidadania. É um espaço onde temos procurado receber lideranças mundiais, campanhas de cidadanias diversas. É um ambiente que traz sua dinâmica também ecumênica, inter-religiosa. Inúmeras lideranças religiosas já passaram pelo Cristo Redentor. Este ano tivemos o Patriarca russo Kirill, que esteve conosco numa visita muito especial e histórica para nós. Precisamos, portanto, receber bem, e essa recepção passa por uma estrutura adequada. Ora, isso é dispendioso, custa dinheiro, e nós queremos poder fazer isso com muita qualidade."
Os valores dos ingressos cobrados para se ter acesso ao Cristo Redentor não se destinam à Arquidiocese, como poderia parecer, mas sim ao administrador do Parque Nacional da Tijuca (onde o monumento está instalado), o Ministério do Meio Ambiente. Na alta temporada, adultos pagam R$ 74 pela tarifa do trem com a visita, e R$ 61 na baixa temporada. Nas vans especiais, os preços cobrados variam conforme o ponto de embarque: Paineiras, Barra da Tijuca, Copacabana e Largo do Machado. Sobre isso, diz o Padre Omar Raposo:
"Na verdade, a pessoa não paga para ir ao Cristo, ela paga pelo transporte que leva ao Cristo. Quem tem que dizer para onde vai o recurso é quem recebe: o Ministério do Meio Ambiente, através do Instituto Chico Mendes. Não conheço a tramitação interna dos recursos; o que nós sabemos é que temos um monumento, que é propriedade da Igreja, dentro da área do Parque, e que a Igreja tem que manter seu patrimônio, e para isso estamos pedindo ajuda."
Todos os detalhes da campanha e de como se pode contribuir estão no site oficial do Santuário do Cristo Redentor.
Segundo o sacerdote, o site detalha o passo a passo para a pessoa se tornar um "Amigo do Cristo" e poder colaborar.
Para o Padre Omar, "o Monumento ao Cristo Redentor é um espaço que precisa estar sempre bem qualificado, porque além de tudo ele é a porta de entrada do turismo brasileiro".
"[O Cristo Redentor] é o garoto-propaganda de nosso país. É o grande símbolo dessa nação. Precisa estar bem conservado, e nós precisamos de ajuda para fazer isso. Não há nada de ruim em pedir ajuda, principalmente quando nós não temos receita alguma, a não ser da iniciativa privada, que ocasionalmente tem nos ajudado. Estamos pedindo ajuda à população para resgatar a história de um Cristo que foi construído através do dinheiro do povo e mais uma vez precisa ser mantido com o dinheiro do povo."