Entre os produtos que apresentaram na pesquisa maior aumento de preços estão o azeite, que teve um aumento de 17,52%, o vinho, que subiu 16,95% e as frutas frescas, que aumentaram 16,91%.
De acordo com análise do coordenador do IPC da Fundação Getúlio Vargas/Ibre, o economista André Braz, a alta no preço dos produtos da ceia ainda é um reflexo da crise na agricultura no primeiro semestre do ano.
"Boa parte dessa alta de 10,19% que a cesta registrou ainda é influência de um primeiro semestre ruim para a agricultura, que não houve tempo de ser dissipado totalmente ao longo desse último semestre de 2016. Então, o consumidor ainda vai ver produtos natalinos mais caros, sobretudo alguns que não dependem só de safra, o vinho e o azeite que são itens emblemáticos nas mesas de Natal subiram em torno de 17% os dois, e aí tem as taxas cambiais por trás ainda que defasadas, não recentes, que justificam essa trajetória, esses aumentos mais fortes para esses dois itens."
O economista da FGV ressalta que mesmo com a expectativa de uma inflação para o ano abaixo de 10%, o brasileiro ainda vai ter que ter muita criatividade e união para garantir as ceias das festas de fim de ano. "Eu acho que é uma época de nós dividirmos, compartilharmos. Se está difícil para todo mundo, um pouco de cada um não vai fazer tanta falta assim, não vai pesar tanto no orçamento. Eu acho que o espírito vai ser esse para que não falte nada na mesa de ninguém. Para o ano que vem a expectativa é a de que o preço da comida continue recuando forte e pode fechar o ano em torno de 10%, e no ano que vem em torno de 4% ou 5%, entre a metade e menos da metade do que pode fechar 2016."
Se a ceia está cara, em contrapartida a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas apresentou uma queda nos preços dos presentes no período de 12 meses. Segundo o estudo, a média dos preços ficou em 4,23%, índice que está abaixo da inflação.
André Braz justifica a queda no valor de presentes ao fato de que entre eles há muitos bens duráveis que são comprados através de financiamentos, e atualmente ninguém está se comprometendo no longo prazo com essa taxa de juros alta, pois muitos temem perder o emprego, diminuindo assim o consumo de eletroeletrônicos. Desta forma, os preços também não tiveram como avançar.