Planetólogos descobrem mais um 'elemento de vida' em Marte

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A sonda Curiosity encontrou na superfície do Planeta Vermelho o boro, elemento importante para a vida, pois, além de ser parte crucial em muitas moléculas de proteína, participa da síntese de DNA e RNA, informaram os cientistas na conferência anual norte-americana da União de Geofísica, em São Francisco.

"Em nenhuma outra missão foram encontrados vestígios de boro em Marte. Se o boro, que encontramos dentro de jazidas de gesso marcianas, for parecido com o elemento que temos na Terra, então poderemos deduzir que a água, onde se formaram as jazidas, era neutra quanto à sua composição química e bastante quente — de 0 a 60 graus Celsius. Ou seja, favorável ao desenvolvimento de vida", afirmou Patrick Gasda do Laboratório Nacional de Los Alamos (EUA).

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Nos últimos anos, os cientistas conseguiram analisar detalhadamente muitas etapas cruciais do nascimento da vida na Terra. A realização de pesquisas nesses ramos abriu um leque de suposições. Umas das mais importantes estariam ligadas ao fato de as águas do oceano primário da Terra, inicialmente, deveriam conter em pouquíssima quantidade os elementos molibdênio e boro, cruciais para síntese de moléculas de DNA, estabilização e multiplicação das mesmas.

Os elementos boro e molibdênio, segundo revelou o estudo de meteoritos marcianos em 2013, poderiam ter chegado à Terra do longínquo Planeta Vermelho. Segundo Steve Benner, famoso exobiólogo, a atmosfera marciana continha quantidade de oxigênio necessária para realização de oxidação desses elementos e para dissolução dos mesmos em água.

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Segundo Gasda, o problema é que até os dias atuais não foram encontrados vestígios de boro ou molibdênio em Marte, hipótese lançada por Benner. A equipe científica da sonda marciana Curiosity conseguiu provar uma das partes: "o boro". O quarto rover da NASA encontrou traços do elemento em rochas que estavam sendo analisadas durante as últimas expedições às encostas do monte Charp, que foram nomeadas Udam e Sebina.

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Sonda de Marte Curiosity  - Sputnik Brasil
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Quando os cientistas "bombardearam" uma das pedras na primeira estação do canhão laser ChemCam, eles encontraram algo extraordinário: pedaços de rocha sedimentária cheios de linhas correspondentes a várias combinações de boro. Tal descoberta fez com que eles parassem por mais tempo na região para estudar mais detalhadamente a pedra incomum, com a ajuda de broca e outros instrumentos da sonda.

Como resultado, eles encontraram uma pedra de gesso dentro do qual há camadas de sais de boro em grande quantidade. A pedra recebeu o nome de Katabola. Depois, quando a sonda continuou subindo rumo ao topo do monte Charp, os cientistas encontraram jazidas mais visíveis deste "elemento da vida".

© Foto / NASA/JPL-Caltech/MSSS Sonda de Marte Curiosity
Sonda de Marte Curiosity  - Sputnik Brasil
Sonda de Marte Curiosity

Como proposto pelos cientistas, a formação das jazidas poderia ter acontecido de duas formas: devido à dessecação de grandes volumes da água, que é parecido à dessecação de jazidas do boro na Terra, ou em resultado de interação química dos solos marcianos e os fluxos de água que as atingiram no passado.

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Segundo John Grotzinger, chefe da missão Curiosity, a descoberta de grande quantidade de boro e de outros elementos interessantes neste local do monte Charp foi como ganhar na lotaria para a equipe científica da sonda.

A exploração dessa região comprovou que a água participou ativamente na rotação da substância em Marte, sendo este, um grande passo na busca de vestígios de vida.

"Essa bacia de rochas sedimentares é um verdadeiro reator químico. Os elementos mudaram neste local, novos minerais surgiram e velhos desapareceram, eléctrones estavam sempre sendo distribuídos, causando a realização de outros processos que deram apoio à vida na Terra", indica o planetólogo.

Segundo o pesquisador, tais reações, relacionadas à espessura das camadas de rochas que contêm o boro e outros elementos, poderiam ter sido realizadas em solo marciano por milhões de anos. Esse fato, com certeza, aumenta nossas chances de encontrar vida na superfície do Planeta Vermelho, concluiu.

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