Embaixador russo na ONU pede que representante dos EUA pare de fingir ser a 'Madre Teresa'

© AFP 2023 / EMMANUEL DUNANDSamantha Power, representante dos EUA na ONU, fala com o enviado russo Vitaly Churkin (arquivo)
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A embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, atacou Rússia, Irã e Síria pela alegada "carnificina" em Aleppo oriental, equiparando os esforços dos três países para libertar a cidade ao genocídio em Ruanda. O enviado russo, Vitaly Churkin, pediu que Power parasse de fingir ser a "Madre Teresa" e lembrou o papel que os EUA desempenharam na crise.

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Uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na terça-feira (13) terminou com o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, e sua homóloga norte-americana, Samantha Power, trocando farpas sobre a situação na Síria.

Churkin repeliu as alegações de Power sobre o que ela classificou como "carnificina" em Aleppo e lembrou à representante dos EUA o longo histórico de Washington no que diz respeito a políticas irresponsáveis no Iraque e na Síria. 

Ao dirigir-se ao Conselho de Segurança, Power afirmara que "Aleppo se unirá às fileiras daqueles eventos da história mundial que definem o mal moderno". 

"Halabja, Ruanda, Srebrenica e, agora, Aleppo", disse ela, colocando a libertação de Aleppo em pé de igualdade com o ataque químico do Iraque contra a cidade curda de Halabja em 1988 e o genocídio ruandês contra os tutsis em 1994. "Regime de [Bashar] Assad, [presidente da Síria], Rússia e Irã, suas forças […] estão realizando esses crimes… Vocês são verdadeiramente incapazes de sentir vergonha? Não há literalmente nada que possa envergonhar vocês?", perguntou Power, retoricamente.

A resposta de Churkin não demorou muito.

"Eu não quero lembrar a Troika Ocidental [EUA, França e Reino Unido] […] sobre seu papel na criação do ISIL [Daesh] que veio como resultado da intervenção americana-britânica no Iraque; as políticas dos EUA neste país facilitaram o surgimento do ISIL. Não quero lembrar o papel que esses três países desempenharam na incitação à crise síria, que resultou em terríveis consequências e abriu as portas para o terror na Síria e no Iraque", enfatizou o enviado russo.

O que foi ainda mais surpreendente, destacou Churkin, foi o fato de Samantha Power, representante dos EUA, ter se apressado a falar para Rússia, Irã e Síria sobre moralidade. 

"O discurso da representante dos EUA pareceu particularmente estranho para mim", disse Churkin. "Ela fez sua declaração como se fosse a própria Madre Teresa".

"Lembre-se de qual país você representa, lembre-se do histórico de seu país", acrescentou o embaixador russo.

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Na terça-feira (13), Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, afirmou que o Exército Árabe Sírio teria matado pelo menos 82 civis em sua ofensiva contra os distritos de Aleppo que estavam controlados por terroristas. 

No entanto, segundo Moscou, organizações humanitárias independentes que operam em Aleppo não confirmaram as acusações sobre as alegadas atrocidades das tropas sírias na libertação da cidade. 

"Na verdade, não conheço nenhuma avaliação de primeira mão de organizações humanitárias independentes que tenham representantes no leste de Aleppo. Nenhuma delas confirma as informações sobre atrocidades cometidas, sequestros de pessoas que fogem de Aleppo oriental", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira.

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Em 13 de dezembro, as forças do governo sírio anunciaram a retomada de 98% da cidade. Habitantes de Aleppo tomaram as ruas para celebrar a vitória.

Ainda assim, a posição dos EUA sobre os assuntos sírios deixa mais perguntas do que respostas.

Falando a jornalistas na terça-feira, Lavrov ressaltou que a posição inconsistente de Washington durante as negociações russo-americanas sobre a Síria só poderia ser explicada pelos fato de os EUA estarem tentando proteger o grupo terrorista Frente al-Nusra dos ataques. 

"Eles continuam a evitar mirar nos militantes da al-Nusra de todas as maneiras possíveis", observou Lavrov. 

O chanceler russo disse ainda que as "pausas humanitárias" exigidas pelos países ocidentais foram usadas por terroristas para se rearmar e se reagrupar, e enfatizou que a situação em Aleppo será finalmente estabilizada nos próximos dias, e que os civis sírios vão começar a voltar à sua vida normal. 

"Apenas a intervenção da nossa Força Aeroespacial [da Rússia] permitiu que os sírios parassem esta ameaça com grande dificuldade e começassem a expulsar os terroristas. Espero que nos próximos dois ou três dias a situação no leste de Aleppo seja resolvida", disse Lavrov, enfatizando que Moscou e Damasco criaram corredores humanitários que permitiram que dezenas de milhares de civis fugissem da cidade sitiada.

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