Rússia e extremismo islâmico – as duas principais ameaças à OTAN nos Bálcãs

© REUTERS / Jonathan ErnstMembros da OTAN durante o encontro em Bruxelas em 2 de dezembro, 2015
Membros da OTAN durante o encontro em Bruxelas em 2 de dezembro, 2015 - Sputnik Brasil
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Na quarta-feira (14), a edição croata Vecernji list publicou um documento alegadamente secreto da OTAN, relacionado à segurança nos Bálcãs.

A publicação afirma que, de acordo com o Plano de ação aprovado em uma reunião dos chanceleres da Aliança deste mês, a OTAN está pronta para intervir rapidamente na situação na península para prevenir conflitos interétnicos, bem como para combater a expansão da influência russa. Duas ameaças enfrentadas pelos países dos Bálcãs são definidas desta forma: 1. O crescente extremismo e a radicalização, responsáveis pelo retorno dos militares da Síria e do Iraque 2. O comportamento de Moscou que abala a estabilidade.

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"Este documento comprova o desejo da Aliança de provocar o novo caos nos Bálcãs, para, em seguida, controlá-los e direcioná-los na direção certa", disse à Sputnik Sérvia o analista político sérvio, Aleksandar Pavic.

"A Aliança é o fator principal que pode causar uma guerra na Europa. Com a ajuda desta organização, está se criando uma atmosfera de incitamento à guerra, bem como certo "superaquecimento" da Europa, em primeiro lugar, graças à histeria antirrussa. A prioridade principal da Aliança agora é expulsar dos Bálcãs toda a influência russa, tudo o resto é secundário para ela", diz Pavic.

Quanto ao extremismo islâmico, o analista afirma que a sua erradicação não pode ser o principal objetivo da Aliança, pois a OTAN "usa o extremismo em suas próprias finalidades geopolíticas".

"A Aliança, por exemplo, não pressiona de forma alguma [o membro da Presidência da Bósnia e Herzegovina] Bakir Izetbegovic para que ele feche acampamentos wahhabitos e estabeleça o controle sobre os que retornam da guerra na Síria. As ambições da OTAN são claras — neutralizar a influência da Rússia e provocar um conflito com a Rússia para, em seguida, ganhar um bom dinheiro na Guerra Fria. Não há outros motivos da existência da OTAN."

Segundo o entrevistado, a OTAN nunca falará abertamente sobre a intervenção militar nos assuntos internos de outros países, bem como sobre as mudanças diretas de regime, embora faça exatamente isso. Ao contrário, todas as suas ações são mascaradas com a "preservação e estabilidade mundial" e com outras palavras neutras.

Como os dois objetivos principais da "estabilização" com a assistência da OTAN, Pavic nomeia a Sérvia e a República da Sérvia, que interfere na integração da Bósnia e Herzegovina na Aliança, embora agora a prioridade seja a adesão de Montenegro, que os líderes da Aliança desejam realizá-la antes da tomada de posse de Trump, que acontecerá em 20 de janeiro.

"Isso é importante para a Aliança, pois, através de Montenegro, ela poderá intervir nos assuntos dos Bálcãs de forma absolutamente legal. Assim, Montenegro se tornará o novo "Bondsteel", muito maior do que no Kosovo", afirma Pavic.

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Professor da faculdade de ciências políticas da Universidade em Banja Luka, Aleksandar Vranjes, afirma que qualquer intervenção da OTAN quanto à Sérvia será considerada como agressão, pois a Sérvia é um Estado neutro.

"Quais explicações justificariam o fato de a OTAN se dar o direito de intervir nos assuntos dos Bálcãs, se é sabido que nem todos os países da região fazem parte da Aliança? Mesmo que o roteiro do conflito interétnico seja realizado, a Sérvia continua a ser um Estado neutro, portanto, a intervenção da OTAN será considerada como agressão", frisa Vranjes.

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