O anúncio oficial de Obama, no qual o presidente confessou que estava fornecendo armas à oposição síria, teve relação direta com o ataque contra a cidade de Palmira, disse o presidente da Síria, Bashar Assad, ao canal de TV Russia Today nesta quarta-feira (14).
"Ele tirou a máscara do Partido Democrata, que gosta de fingir ser diferente da ala cheneyita do Partido Republicano [corrente neoconservadora na política dos EUA que tem sido usada muito ativamente nos últimos anos e arquitetada pelo ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, que exerceu funções no governo Bush, entre 2001 e 2009]", afirmou o ex-major do Exército norte-americano e historiador Todd Pierce.
Piece afirmou que as iniciativas políticas de Obama de apoiar os rebeldes sírios, inclusive a Frente al-Nusra, foram idênticas às da presidenciável democrata derrotada, Hillary Clinton, quando ela ocupava o cargo da secretária de Estado e às dos neoconservadores que apoiaram a candidata.
O acadêmico advertiu que hoje em dia os neoconservadores estão buscando um pretexto para desencadear uma guerra contra a Rússia e o Irã. Os neoconservadores também reconheceram que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, gostaria de evitar um conflito com a Rússia, adiantou.
"Eles veem Trump como menos entusiasta do que eles gostariam, e talvez bastante forte para sacudir o sistema, que exige a guerra perpétua e o expansionismo militar", sugeriu o analista.
Obama tem seguido a agenda neoconservadora e conduzido guerras clandestinas desde 2009, mas planejava passar a tarefa de atacar a Síria diretamente para Clinton, que, segundo suas expetativas, deveria ser a próxima presidente, ressalta Pierce.
Robert Naiman, diretor do departamento de política na organização não-governamental Just Foreign Policy, concorda que o anúncio feito por Obama não foi mais que uma ação coerente com o seu apoio contínuo dos rebeldes.
"Para mim, isto não representa grande mudança. Acho que se trata primeiramente dos curdos sírios e da campanha para conquistar Raqqa", disse.
Se for possível, Obama, sem dúvida, vai fazer tudo o possível para terminar a batalha por Raqqa antes de deixar a Casa Branca, concluiu.