Residentes de Aleppo relatam experiências vividas durante a ocupação terrorista

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Conheça alguns dos residentes de Aleppo, que revelaram à Sputnik as experiências trágicas vividas em bairros sob o domínio de grupos terroristas.

Durante as últimas semanas e com toda razão Aleppo tem sido o centro das atenções no mundo todo. Infelizmente, partes da imprensa árabe e ocidental têm transmitido informações citando fontes nem sempre comprovadas e sem contar com correspondentes no local. 

A agência Sputnik conversou pessoalmente com alguns residentes de Aleppo, que revelaram um pouco de suas experiências trágicas durante a ocupação terrorista em seus bairros.

Moradora de Aleppo: "Terroristas crucificavam pessoas das quais não gostavam"

© Sputnik / Nour MolhemBushara as-Said Taha
Bushara as-Said Taha - Sputnik Brasil
Bushara as-Said Taha

Apesar da tristeza e do sofrimento, provocado pelo terrorismo, os moradores de Aleppo nunca perderam a esperança de que a luz de uma nova vida dissipará a tempestade e a tragédia.

Bushra as-Said Taha, de 35 anos, mora no bairro de as-Sukri, um dos primeiros a ser dominado por terroristas. A sua casa foi destruída, os seus móveis foram queimados e ela ficou no olho da rua sob tiros.

"Antes nós vivíamos em liberdade e segurança, mas depois vieram os terroristas. Eles invadiam as nossas casas e exigiam a cooperação dos homens. Aqueles que resistiam eram torturados e mortos. Para isso eram organizadas execuções públicas na praça principal do nosso bairro. Ficamos horrorizados. As pessoas pareciam ter perdido a razão", contou Bushra à Sputnik.

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"Tenho uma filha, ela tem quase 1 ano e meio. Ela já sofreu muito durante a sua breve vida. Faltava leite, alimentos, roupas, fraldas. Agora ela sempre chora com sons altos e bruscos. Principalmente quando são sons de tiro ou de explosivos". 

Segundo Bushra, depois da libertação da cidade as pessoas ganharam uma chance de um futuro normal. Ela disse ter esperado 5 anos por esse momento e por isso nunca deixou a cidade.

"Fomos criados pelo Todo Poderoso e estamos em seu poder. Terroristas não podem domar o nosso espírito. Eles não têm esse poder", concluiu Bushra.

Mãe de três filhos contou que as crianças eram impedidas de estudar

© Sputnik / Nour MolhemMariam Abdul Gani, Aleppo, dezembro 2016
Mariam Abdul Gani, Aleppo, dezembro 2016 - Sputnik Brasil
Mariam Abdul Gani, Aleppo, dezembro 2016

"Os terroristas privaram as crianças do estudo", contou à agência Sputnik a mãe de três filhos, Mariam Abdul Gani, de 37 anos. 

"Eram tantos projéteis caindo do céu que dava para confundir com a chuva. Muitas crianças inocentes morreram por isso. E os pais não deixavam mais ninguém ir para a escola. Crianças perderam 5 anos. Agora, quem puder, vai precisar correr atrás do tempo perdido". 

"Os terroristas destruíram a nossa casa. Morar aqui é praticamente impossível. Não há eletricidade, nem água, nem telefone. Por isso não conseguimos nos comunicar com os parentes. Além disso, tudo ficou mais caro. Todos estão sofrendo com isso. Os agressores monopolizaram a venda de pão por preços muito inflados", conta Mariam.

Segundo ela, "os terroristas introduziram punições assustadoras para os homens, suspeitos de ligação com as tropas governamentais, ou que eram contrários às ações dos militantes. Era praticamente impossível fazer eles mudarem de opinião. Eles matavam, crucificavam e arrastavam as pessoas amarradas ou nuas pelas ruas e pelas praças".

Pai que perdeu seu único filho

© Sputnik / Nour MolhemAbd al- Munim al-Hamdu
Abd al- Munim al-Hamdu  - Sputnik Brasil
Abd al- Munim al-Hamdu

Abd al- Munim al-Hamdu tem 37 anos. Ele sorri com tristeza. Ele perdeu o seu único filho, Bara, de 6 anos de idade. 

"Um dia antes da sua morte, fomos eu e Bara dar um passeio. Ele queria comer uma shawarma. Estávamos comendo e eu comecei a tirar umas fotos. Em certo momento ele se distraiu e começou a observar o céu. Eu disse para ele olhar para a câmera e ele me respondeu: 'estou falando com a lua, a gente se vê amanhã' — e começou a rir".

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"E no dia seguinte ele foi para a escola, no bairro Bustan al-Kasr. Naquela época esse era um território de fronteira entre o exército e os terroristas. Bara saiu do carro, parou na calçada e olhou para mim. Com olhar ele me disse me amar.. foram alguns segundos antes do sniper dos terroristas matar ele".

Abd tenta superar a sua tragédia pessoal contando a verdade para as pessoas. Toda a verdade do que os terroristas fizeram e provocaram às pessoas. Atualmente ele trabalha como jornalista em Aleppo.

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