"Sais hidratados nem sempre indicam a presença de água em estado líquido. Nós realizamos dezenas de experimentos com sais anídricos na atmosfera de Marte e alguns deles, como se verificou, incluindo perclorato de cálcio e cloreto de cálcio — foram absorvendo água aos poucos até se tornarem hidratados", disse Raina Gough, pesquisadora da Universidade do Colorado em Boulder (EUA).
Em 2011, Alfred McEwen, professor da Universidade do Arizona em Tucson (EUA) e seus colegas estudaram imagens captadas pela câmera HiRISE a bordo da sonda MRO. Em algumas imagens das encostas íngremes e bordas de crateras são percebidas tiras escuras de 0,5 a 5 metros de largura que aparecem e crescem no verão e desaparecem no inverno marciano.
Nos últimos meses, vários grupos de cientistas vêm duvidando que as linhas escuras sejam realmente um resultado do movimento dos fluxos de água no estado líquido sob o solo de Marte — é possível que eles surjam devido à absorção de água da atmosfera de Marte pelos sais da superfície de uma encosta, onde surgem as linhas.
Agora, Tolbert e Gough estão tentando alcançar o oposto — descobrir a existência de quaisquer sais que, em princípio, não podem absorver água na atmosfera. Se tais sais hidratados forem encontrados em Marte, aí sim, pode-se afirmar com certeza que os "fluxos salgados" realmente existem, concluem os cientistas.