O líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, afirmou na sua página do Instagram que a matéria publicada pelo New York Daily News, justifica taxativamente e "saúda" o assassinato do embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, e "heroifica" o assassino.
"Após isso, nem o autor da pasquinada, Gersh Kuntzman, nem o editor-chefe do jornal se sentem culpados… É um descaramento sem precedentes, a ausência de traços mínimos de compaixão para com o pesar de outra pessoa, é um apoio público ao terrorismo", adiantou.
Kadyrov frisou também que os muçulmanos da Rússia e de todo o mundo estão indignados com o assassinato traiçoeiro de Andrei Karlov, enquanto "aqueles que expressaram seu apoio ao terrorismo, fosse de modo aberto ou indireto, não só não têm nada a ver com o islã, mas são os seus inimigos mais encarniçados".
Outra usuária conhecida das redes sociais, que tem milhões de fãs no Facebook, a pota-voz oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, afirmou que a chancelaria russa enviaria uma nota de protesto exigindo desculpas oficiais do jornal norte-americano.
"Gersh Kuntzman, será que você, a sério, está comparando os motivos do estudante judeu Herschel Grynszpan com as ideias que inspiraram Mevlut Mert Altintas?!! Será que se dá conta de que você colocou na mesma lista a luta dos judeus contra antissemitismo, no fim dos anos 30, com os métodos terroristas do Daesh e da [Frente] al-Nusra que reivindicaram o atentado? Para você é a mesma coisa? E quanto aos atentados realizados em Israel por homens-bomba, você também tem uma atitude tão comprometedora, ou até mais?", publicou a diplomata.
Maria Zakharova também aproveitou a oportunidade para ressaltar que os EUA têm "reescrito" a história do século XX até parecer um absurdo total e apelou:
"E mais uma coisa. Apelo às organizações antifascistas em todo o mundo para que deem sua avaliação desta matéria! Se for depois, poderá ser tarde demais."
O porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, também se pronunciou sobre o caso e afirmou que tal matéria só poderia ser escrita por uma pessoa que têm uma percepção perversa daquilo "que é o bem e o mal".
"Infelizmente, há muitas pessoas que estão fora de si, às vezes são completamente malucos, com uma percepção perversa daquilo que é o bem e o mal. Não acho que tais pessoas, e o autor sem dúvida que é um deles, mereçam a mínima referência e serem recordados", explicou ele ao comentar se o Kremlin iria exigir desculpas da publicação.
Apesar de uma nota de protesto ter sido enviada pela chancelaria russa, Kuntzman não só se recusou a pedir desculpas, mas ainda publicou mais uma matéria na qual sujeitou a uma crítica feroz o presidente russo, Vladimir Putin, e as autoridades russas ao culpá-las de terem violado o direito internacional na Geórgia, Ucrânia, Síria e "outros" locais. Vale ressaltar que o autor não se conteve muito em suas expressões.
O jornalista adiantou que tinha recebido "dezenas de cartas de leitores norte-americanos que se opuseram a ele ao lado da Rússia", o que ele considera como uma "tendência alarmante".
"América, decida de que lado você está — de um guerreiro independente ou da Rússia", eis como o colunista conclui a sua matéria.
Em resposta ao pedido da agência russa RIA Novosti para explicar porque é que ele considera correto comparar o assassinato do embaixador russo com o do embaixador nazista, Kuntzman respondeu:
"Claro que as baixas da Rússia na Segunda Guerra Mundial foram inéditas. E sei que a dor permanece. Mas o nosso objetivo, como jornalistas, é não reparar na dor e nos nortearmos por fatos."