O autor do artigo acredita que, com a sua política em relação a Kiev, a Europa se colocou em uma situação descomfortável. Bruxelas, por sua própria iniciativa, assumiu um papel de parceiro "absolutamente leal", e por isso ela tem que fechar os olhos a algumas das "particularidades" do processo político da Ucrânia.
Assim, os acontecimentos em Maidan Nezalezhnosti [Praça da Independência] em 2013-2014 são percebidos nos países da UE apenas como uma "revolução democrática", organizada contra um "poder oligárquico corrupto". No entanto, o jornalista chama atenção para o fato de que na Europa não é habitual falar das "selvagerias chauvinistas, quase fascistas" que acompanharam essa revolução.
Entretanto, de acordo com o jornalista, o apego da Europa a ideais democráticos não é sempre óbvio. Assim, ele acredita que os países da UE equeceram o fato de que "Viktor Yanukovich em 2011 se tornou o presidente da Ucrânia em resultado de eleições iguais, livres e justas, cuja correção foi confirmada por observadores da União Europeia".
Além disso, constantemente se referindo ao tema da Crimeia, os funcionários europeus repetidamente demonstram sua incompetência em questões da história. O autor lembra que o referendo de 2014 não foi o primeiro na história da Crimeia. Em 1994, os habitantes da península já tinham expressado sua opinião sobre a separação da Ucrânia, e nessa altura a decisão sobre a secessão foi aprovada por 78,1 por cento de votos.
O jornalista constata que a falta de vontade de "confiar e aceitar os fatos" se tornou uma característica específica da Europa moderna. As aparentes relações "de aliança" entre Kiev e Bruxelas obrigam o Velho Mundo a aceitar as declarações agressivas de Kiev e fazer orelhas moucas à retórica inaceitável que vem da capital ucraniana, conclui o autor.