Esse mercado que vinha de vento em popa em 2007 e 2008, antes da explosão da crise mundial causada pelos subprimes nos Estados Unidos, ficou restrito ao mercado doméstico, que registrou alta de preços entre 2009 e 2014. De lá para cá, no entanto, a valorização sumiu e os preços tanto de locação quanto de venda (comerciais e residenciais) recuou. Só em 2016, houve uma redução de 6% e distrato (cancelamento de contrato) de 33% das unidades entregues pelas construtoras, ou cerca de 33 mil unidades.
Agora, fundos estrangeiros voltam com apetite. Só o Blackstone, o maior fundo imobiliário do mundo, tem US$ 15,8 bilhões para investir no Brasil. A gestora de recursos Exxpon está atrás de boas oportunidades na área residencial e a consultoria Grant Thornton se mostra confiante de que o mercado deve crescer nos próximo meses.
Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato de Habitação do Rio (Secovi-Rio), admite que o Brasil vive um momento de baixa em relação a preços e nesse momento existem muitos fundos e investidores internacionais olhando oportunidades. Segundo ele, o Brasil acaba se tornando barato por uma questão de crise do mercado doméstico e pela questão de câmbio, o que tem gerado boas oportunidades de investimentos em resorts e imóveis residenciais e comerciais.
"A questão do Nordeste é de logística e acesso, além da questão geográfica e beleza natural. Hoje no Nordeste você encontra grandes terrenos de frente para o mar. Muitos desses investidores têm interesse de incorporar projetos com apelo turístico, de segunda residência, principalmente para o público europeu em países que já têm alguma ligação com o Brasil, como Portugal, Espanha, Itália, que já viveram momentos positivos durante 2007 e 2008 antes da crise internacional. Naquela ocasião, você tinha muitos incorporadores e fundos comprando terrenos, resorts, condomínios de alto luxo com foco em segunda residência", diz Schneider.
O vice-presidente do Secovi-Rio diz que o mercado se transformou, o Brasil ficou mais voltado para o mercado doméstico, os preços subiram de 2009 a 2014, mas agora, com o momento mais nebuloso que o mercado vive, as oportunidades acabam aparecendo de novo para os estrangeiros.
"O mercado imobiliário é um ciclo. Essa retomada do mercado vai acontecer com os investimentos estrangeiros. A retomada talvez vá ser um pouco mais gradual. Temos que fazer um dever de casa forte em relação à política econômica. A gente vive um momento de ajuste em relação a preços, há uma tendência de queda. Agora há uma procura baixa por todos os fatores políticos e econômicos que o país passa — perda da confiança, aumento do desemprego, inflação inconstante, juros mais altos —, o que afeta a demanda", explica o dirigente.
Para Schneider, a oferta cresceu porque nos últimos anos o mercado viveu um momento muito bom, muitas construtoras lançaram unidades, muitos investidores entraram no setor, inundando o mercado de oferta. Com isso, a tendência é de preços menores. Por mais que no Brasil haja uma cultura de que investir em imóvel é uma questão de segurança, para vender é preciso dar desconto, o que está acontecendo nesse momento.
"O mercado de locação está sofrendo mais ainda, porque o proprietário não quer ficar com o imóvel parado sem gerar uma renda, porque ele precisa pagar despesas fixas, como IPTU e condomínio. O mercado de compra e venda é mais resiliente, demora mais a sentir a queda de preço. É o patrimônio do investidor, que não quer baixar tão rápido."