"Estes astros encontram-se nos ‘córregos estrelares' únicos, que se estendem por milhões de anos-luz e saem para longe da nossa galáxia. Hoje, são presenciados apenas pequenos córregos dessas estrelas, no entanto, no futuro, como prevemos, encontraremos rios cheios de astros ‘alheios'", declarou Marion Dierickx, cientista da Universidade Harvard (EUA) no artigo publicado no Astrophysical Journal.
Rios estrelares
As correntes, parecidas com "fitas" peculiares de estrelas, independentes gravitacionalmente uma das outras, rodeiam a Via Láctea sob e debaixo do seu disco, onde estão a Terra, o Sol e quase todas as outras estrelas. As correntes estrelares, segundo especialistas, representam restos de aglomerações esferoidais ou galáxias anãs que foram rompidas ou absorbidas pela Via Láctea em um passado longínquo.
Marion Dierickx e o seu colega do Observatório Astrofísico Harvard-Smithsonian de Cambridge (EUA), Abraham Loeb, descobriram uma das maiores e mais distantes fitas deste tipo durante a observação da galáxia anã DEG, na constelação do Sagittarius, cuja colisão com a Via Láctea causou sua ruptura em quatro "caudas" brilhantes.
Luz das estrelas "alheias"
A descoberta foi feita por acaso. Inicialmente, Loeb e Dierickx não estavam tentando encontrar estrelas "alheias" nos arredores da Via Láctea, mas analisar o movimento realizado pela galáxia DEG durante os últimos 8 milhões de anos.
O estudo revelou que a aproximação e interação gravitacional com a Via Láctea resultou na perda de quase um terço de todas as estrelas e cerca de 90% da matéria escura da galáxia anã, levando a sua ruptura.
Loeb opina que de fato há mais estrelas parecidas, mas a sua busca exige telescópios mais potentes, como, por exemplo, o telescópio LSST, capaz de localizar astros com luz mais fraca.