A Vigilância Epidemiológica da Bahia está investigando as mortes. Até agora a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia já confirmou 52 casos da doença, entre 14 de dezembro e 5 de janeiro deste ano. Todos os casos até agora foram registrados na região metropolitana de Salvador. Além da morte em Vera Cruz, outro caso foi notificado em Lauro de Freitas, e 50 na capital baiana.
Em entrevista exclusiva para a Diretora da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab) a enfermeira sanitarista Maria Aparecida Araújo informou que ainda não se sabe o que vem provocando a doença se é vírus ou uma intoxicação, já que nos primeiros testes já realizados com os pacientes, a questão bacteriana foi descartada.
"Quando nós soubemos dos primeiros casos imediatamente iniciamos todo o processo de investigação, que faz parte da rotina da Vigilância. Começamos a investigar não só os casos que estavam acontecendo, mas tentamos sistematizar os sintomas para verificar e esclarecer a mialgia aguda (fortes dores musculares), porque ainda não sabemos a causa. Além da notificação e investigação, nós coletamos também amostras biológicas dos pacientes e de alguns alimentos para fazer exames e até o momento os resultados obtidos no Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia) deram negativos para a parte de bacteriologia."
A enfermeira sanitarista, no entanto, confirma a existência de um surto desconhecido no estado.
"Nos consideramos um surto de mialgia aguda a esclarecer, porque ainda não sabemos a causa."
Sobre a possibilidade dos pacientes terem sido contaminados por algum vírus ou toxinas presentes em peixes de água salgada, devido a relatos de que alguns enfermos começaram a sentir as fortes dores musculares após o consumo do alimento, a Diretora da Vigilância Epidemiológica da Bahia destacou que nem todos os que apresentaram a mialgia aguda, tinham ingerido peixes, portanto, ainda não se pode ligar a doença ao alimento.
"Até agora, a amostra de peixe enviada para o Lacen deu negativa. Nós estamos aguardando os outros resultados, mas eu quero chamar a atenção, que isso foi muito associado ao peixe porque os primeiros casos, na investigação os pacientes disseram ter ingerido peixe, mas nem todos comeram o alimento e apresentaram mesmo assim os sintomas. O peixe entra na investigação, mas ele não é o principal."
A enfermeira sanitarista explica que o principal sintoma investigado são as fortes dores musculares, que surgem repentinamente, principalmente na região dorsal (nas costas), enfatizando também que nem todos os pacientes apresentaram a urina escura. "Nem todos os pacientes apresentaram a urina escura na nossa investigação. Isso acontece por conta de um comprometimento renal que surge em alguns casos. Alguns tiveram realmente isso, mas outros não."
Como ainda se sabe muito pouco sobre a doença, o tratamento também é paliativo. "O tratamento na verdade é sintomático. O paciente se interna e o médico faz um exame completo e investiga se ele também não tem uma doença de base, mas ainda não existe um tratamento específico para isso."
Maria Aparecida orienta a população na Bahia e em todo o país que ao sentir o sintoma de fortes dores musculares nas costas, que procure os órgãos de saúde e não se automedique, pois pode agravar a situação. "Na verdade é procurar um serviço médico para poder ser atendido, evitar a automedicação. Em geral como a dor é muito intensa a pessoa procura um serviço de saúde."