O que está por detrás da crítica do novo chefe do Pentágono em relação à Rússia?

© AP Photo / Matt DunhamGeneral aposentado da Infantaria da Marinha a candidato ao posto de Secretário de Defesa norte-americano, James Mattis
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O candidato ao cargo de chefe do Pentágono, general James Mattis, é conhecido por ser um crítico incansável da Rússia. Sua retórica agressiva reflete a percepção de Moscou por parte de Washington como seu adversário principal, informam os analistas russos.

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Na semana passada, o Congresso dos Estados Unidos votou a favor de uma exceção à lei que permite apontar o general James Mattis para o cargo do secretário de Defesa dos EUA, apesar de ela proibir militares se tornarem secretários da Defesa após sete anos de aposentadoria.

Apesar de numerosos apelos de Trump para normalizar ar relações com a Rússia, Mattis é um crítico incansável de Moscou e está apoiando a linha mais dura.

Durante a sessão do Senado dos EUA, ele criticou a Rússia, dizendo que ela [Rússia] "tem escolhido ser um competidor estratégico [dos EUA] e um adversário nas áreas cruciais".

"A Rússia é a ameaça principal para os Estados Unidos", afirmou Mattis ao Comitê de Serviços Armados do Senado.

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Mattis também destacou que ele "era completamente a favor" de manter todos os laços com a Rússia, mas avisa sobre "um número crescente de áreas em que temos de enfrentar a Rússia".

Ele sempre foi um "durão" e prefere soluções duras para os problemas, especialmente se estão relacionados com a Rússia, disse Valery Garbuzov, diretor do Instituto de Estudos dos EUA e Canadá da Academia de Ciências da Rússia.

"Seria muito ingênuo esperar que os chefes do Departamento do Estado e do Departamento de Defesa fossem amigos da Rússia. Isso não acontecerá", declarou à RIA Novosti.

Comentando sobre as últimas observações de Mattis, Garbuzov apontou: "Acho que Mattis disse exatamente o que queria."

Ao mesmo tempo, o especialista notou que, apesar da retórica de Mattis, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e sua equipe expressam a disponibilidade para manter o diálogo com a Rússia.

"Se Washington e Moscou tiverem um diálogo pragmático, isso será o que necessitamos. Quanto a passos práticos na área da política, vamos esperar para ver. Acho que, apesar de todos os comentários, a Administração Trump terá atitude pragmática em relação à Rússia. No entanto, uma volta completa nas relações entre a Rússia e os EUA é pouco provável", concluiu Garbuzov.

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Essas suposições foram partilhadas por Andrei Suzdaltsev, chefe adjunto da Faculdade da Economia Mundial e Relações Exteriores da Escola de Altos Estudos Econômicos.

Segundo disse ele, o futuro chefe do Pentágono e outros membros da equipe de Trump não podem ser amigáveis em relação à Rússia. Ele adicionou que a posição antirrussa é também habitual no Congresso.

"Se se retratassem a si próprios como defensores da amizade russo-americana, nunca teriam protegido seus postos", afirma Suzdaltsev.

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Ele continua: "O establishment da Rússia deve entender que Washington e Moscou têm interesses básicos diferentes. Os Estados Unidos irão continuar sendo defensores de um mundo unipolar, onde Washington possa tomar todas as últimas decisões. Ainda há muitas diferenças entre os EUA e a Rússia sobre o Médio Oriente, os antigos Estados soviéticos, a Ásia e a Europa."

No entanto, de acordo com Suzdaltsev, com a Administração de Trump existe a oportunidade de atingir um compromisso e entendimento que não era possível sob a presidência de Barack Obama.

Ele explicou que os assuntos da política exterior da Rússia são frequentemente usados como um instrumento de luta política interna nos EUA.

"A Rússia é o ponto onde os interesses dos democratas e dos republicanos entram em conflito. A Rússia é um assunto usado contra Trump por seus oponentes", acrescentou.

"O que vimos [na sessão do Senado] é uma rotina. Os oponentes políticos estavam se intimidando uns aos outros. Os EUA sempre estão buscando inimigos estrangeiros. É uma parte importante da política americana", concluiu.

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