"Quando esta estrela ‘saiu da sombra' do Sol e nós conseguimos reiniciar as observações, ficamos chocados com o fato de ela ser sete vezes mais opaca que em noutras épocas de pesquisa. A extinção de uma estrela quer dizer que a anã branca deixou de roubar matéria da sua vizinha e até hoje não se sabe por quê. Embora a FO do Aquário tenha começado a ganhar brilho de novo, este processo levou demasiado tempo", afirma Colin Littlefield da Universidade de Notre Dame (EUA).
A estrela FO do Aquário pertence a um raro tipo de estrelas duplas, as chamadas estrelas duplas polares. De costume, eles representam uma grande anã branca e uma estrela "normal" menor que circulam muito perto uma da outra. Graças a isso, uma parte das camadas externas da estrela normal fica na "zona de influência" da anã branca, que atrai e rouba sua matéria.
Tal processo aumenta o brilho do sistema e o faz variar entre certos limites, à medida que a anã branca "digere" o hidrogênio roubado e o incendia na sua própria superfície. Os vestígios disso podem ser observados nos tufos de raios X que o hidrogênio provoca ao cair na superfície da "estrela-vampiro".
Passados dois anos, quando a estrela "saiu da sombra" do Sol, os cientistas decidiram verificar os resultados da pesquisa efetuada pelo Kepler. Mas foram pegos de surpresa: o brilho da FO tinha diminuído em mais de dois valores estelares durante este período, reduzindo-se em 7 vezes. Os astrônomos nunca haviam observado algo parecido ao estudar os corpos celestes duplos.
Mas não foi apenas o brilho que mudou. A estrela começou a "piscar", reduzindo e aumentando sua luminosidade 50% cada 22 e 11 minutos, variando estes ciclos cada 2 horas. Segundo acreditam os cientistas, tais flutuações de brilho têm a ver com a velocidade rápida com a qual a anã branca circula a estrela "comum".
O forte campo magnético na área da mancha teria atrasado o processo de transferência do hidrogênio e feito diminuir o brilho do sistema.
Por outro lado, isto não explica os mais lentos ritmos de restauração do brilho celeste. É por isso que a estrela passou a fazer parte da categoria especial de corpos celestes cujo comportamento não pode ser explicado pela ciência contemporânea, que também engloba a "estrela dos extraterrestres" KIC 8462852 e outros.