"A natureza foi responsável pela criação de materiais e estruturas de composição muito interessante. Pretendemos entender como estão ligadas as funções e estruturas destes biomateriais para criação de seus análogos sintéticos que servirão muito melhor ao homem", declarou Marc Meyers, pesquisador da Universidade de San Diego (EUA), no artigo publicado na revista Materials Science and Engineering: C.
Nos últimos anos, físicos e engenheiros têm ativamente estudado a estrutura de órgãos e corpos de organismos vivos, tentando usar "invenções evolutivas" em novas tecnologias e aparelhos.
A equipe de cientistas de Meyers analisou o cabelo humano, estudando a estrutura capilar e copiando suas caraterísticas.
Ao escanear fios de cabelo com ajuda de microscópio eletrônico, os cientistas descobriram que eles são compostos por duas camadas diferentes de queratina para suportar diferentes cargas. A parte interna do fio é composta por duas camadas de linhas paralelas espirais, já na parte externa as linhas se entrelaçam, formando uma rede.
A combinação dos fios dá aos cabelos uma consistência pastosa como a do mel — viscosos e muito resistentes a bruscas distensões.
Quando cabelos são puxados, as espirais pouco a pouco são endireitadas, formando uma nova estrutura, permitindo, assim, o seu crescimento e aumentando sua indestrutibilidade durante bruscas distensões. Os testes de resistência dos cabelos a cargas comprovaram que a reconstrução do fio volta ao seu estado inicial após a retirada do peso de cima deles.
Segundo opinam os cientistas, esses dados podem ajudar a criar materiais artificiais com caraterísticas semelhantes para usá-los, por exemplo, na produção de coletes à prova de balas ou outros instrumentos e aparelhos que necessitam ser sólidos e leves.